
O Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa que afeta funções cognitivas essenciais, como memória, linguagem e orientação. Embora a maioria dos casos ocorra em pessoas acima de 65 anos, existe também o Alzheimer precoce, que pode se manifestar entre os 40 e 50 anos, e até em indivíduos de apenas 27 anos, frequentemente associado a fatores genéticos.
No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas convivem com alguma forma de demência, com aproximadamente 100 mil novos diagnósticos a cada ano. Globalmente, essa doença afeta cerca de 50 milhões de pessoas, e as projeções da Alzheimer’s Disease International indicam que esse número pode alcançar 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento populacional. Esse cenário destaca o Alzheimer como uma crise de saúde global que exige atenção urgente.
Erich Douglas, vereador eleito de Fortaleza em 2024 e atual secretário da Sepa, é neto de Antônio Lisboa, conhecido como vovô Doquinha, de 84 anos. Após o diagnóstico de Alzheimer, Erich se tornou o cuidador do avô. Ele rejeita o rótulo de herói que lhe foi atribuído, afirmando: “A gente não pode colocar no pedestal a pessoa que cuida da própria família.” Para ele, cuidar é uma forma de viver e se conectar com Deus.

Erich Douglas (Foto: Divulgação)
Dividindo sua rotina entre trabalho, a causa animal, vida pessoal e os cuidados com seu avô e sua cadela Kora, que foi um dos seus resgates, Erich reflete sobre sua jornada. Ele começou a morar com o avô aos 14 anos, após a morte de sua avó. “Meu avô se viu sozinho e chegou a perguntar se eu não queria morar com ele. Eu aceitei, porque ele precisava de companhia. Hoje, já estou com 41 anos.”
Erich lembra que Doquinha era extremamente independente, trabalhador e o responsável por sua educação, incluindo o pagamento da escola e cursos. “Desde a morte da minha avó, a gente não se desgrudou mais. Vivemos os altos e baixos da vida juntos. Eu sempre estava na casa da minha mãe, mas à noite, após as atividades, eu estava ali fazendo companhia ao meu avô.”
Os sinais do Alzheimer começaram a aparecer quando Doquinha tinha 79 anos. Inicialmente, Erich não compreendia a gravidade da situação. “Ele perguntava onde estava a dentadura, e eu não sabia. Isso gerava discussões, mas depois ele a encontrava e pedia perdão. Com o tempo, isso se repetia com outros objetos.”
Erich percebeu que a situação estava se agravando quando Doquinha, que ainda dirigia, se perdeu ao ir à padaria durante a pandemia. “Ele voltou com um homem o guiando, e isso me deixou preocupado. Procurei um médico e fiz exames. Na primeira tomografia, nada foi encontrado, mas na segunda, identificaram uma massa, indicando demência.”
Com isso, Erich entendeu que tinha uma missão: cuidar do avô, com o auxílio de uma cuidadora. “No início, ele apresentava muita agressividade, algo que nunca foi dele. Isso altera a vida das pessoas. Hoje, ele está mais tranquilo e eu aprendi a lidar com a situação. A convivência com o Alzheimer é desafiadora, mas é uma jornada de aprendizado constante.”
Erich Douglas exemplifica a dedicação e o amor que podem existir no cuidado de um ente querido, mesmo diante das dificuldades que doenças como o Alzheimer impõem.
Por Fernanda Leite
@fernandaleitecomunicacao