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Marina Zatz de Camargo, mais conhecida como Luisa Mell, adotou o nome Luísa em homenagem à avó, morta num acidente automobilístico quando a modelo ainda era adolescente. Formada em direito e artes cênicas, cresceu nos bastidores da TV, mas foi com a estreia de seu programa Late Show na RedeTV, que passou a se envolver com os direitos e defesa dos animais, se tornando a maior e mais conhecida ativista da causa animal no Brasil.
Ela luta diariamente, por essa causa e faz o que for necessário para salvar cada uma dessas vidas em risco, inclusive enfrentando pessoas poderosas, entrando em diversas brigas e polêmicas infinitas nas redes sociais. A autora do livro “Como os animais salvaram minha vida” acredita que poderia fazer mais pela causa animal.
Mas foi em 2013, após descobrir que havia vários cães da raça Beagle sendo maltratados no Instituto Royal, em São Roque, que seu nome ganhou força nas redes sociais e no meio artístico. Luísa Mell e um grupo de ativistas decidiram invadir o laboratório e resgatar os animais em perigo. Ao todo, 178 cachorros da raça beagle, sete coelhos e mais de 200 ratos que seriam usados para testes científicos foram retirados do local durante a madrugada do dia 18 de outubro. Mesmo com a presença da polícia, as pessoas entraram e retiraram os cachorros que estavam presos em gaiolas.
“As pessoas riam de mim, porque achavam que não tinha outro jeito. Mas tinha sim. Hoje a gente vê muitas marcas usando inclusive isso, como estratégia de posicionamento, dizendo que não testa em animais e até marcas exclusivamente veganas. Obviamente, não é só por minha causa. Mas, sem dúvida nenhuma, minha visibilidade influenciou esse debate”, avalia.
A ativista acredita que atualmente os maus tratos contra cães e gatos, é visto de uma forma muito melhor, do que há vinte anos, quando começou. “Mas infelizmente isso não se estende aos outros animais. Ainda falta muito entendimento sobre animais silvestres e cavalos. A gente só consegue mudar mesmo uma lei, quando a sociedade inteira entende e pressiona os políticos. Meus escândalos são fundamentais. É lógico que eu preferia que fosse tudo mais fácil, mas eu faço sempre que precisa. Sempre levantarei minha voz pelos fracos e oprimidos. Perto dos que os animais estão sofrendo, eu acho que faço pouco”, avaliou.
Polêmicas
Luisa Mell foi acusada de ter sido responsável pela “perseguição” do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contra o influenciador Agenor Tupinambá, que cuidava da capivara Filó. Mas, ela nega que tenha tido qualquer influência no caso.
“Não fui a responsável pela denúncia. Tomei conhecimento do caso pela imprensa e fiz contato com Agenor para saber se podia ajudar de alguma forma. Mas o Ibama estava irredutível. Minha primeira sugestão foi ele ficar com a capivara e se comprometer a não pegar mais nenhum animal silvestre. E não postar, porque isto estimula!”, lembra.
Recentemente esteve sob os holofotes novamente, após uma matéria do Intercept Brasil apontar o avô do influenciador como um dos responsáveis pelo desmatamento na Amazônia. Vale ressaltar que existe um vídeo de extrema crueldade onde mostra Agenor segurando um porco usado para uma “brincadeira” em que diversas pessoas tentam agarrar o animal ao mesmo tempo.
Para a ativista, nada disso foi surpresa! “Ele vive ‘achando’ filhotes de animais silvestres órfãos! Ama tanto os animais, tira foto dos búfalos antes de matá-los! E eu que fui vista como a vilã do Brasil”, frisa.
Porém, a história da capivara foi apenas a ponta do iceberg. No meio dessa polêmica, a Organização Não Governamental (ONG) que tinha o nome de Luisa anunciou a mudança para Instituto Caramelo. Na época, a mudança de não foi bem-vista por internautas, que, inicialmente, consideraram uma injustiça com a apresentadora.
“Eu nunca tive salário no instituto. Passei a ser tratada como inimiga a partir do momento que descobri parcerias feitas em meu nome, sem minha autorização, com condições absurdas. Tendo que ouvir em assembleias extraordinárias que qualquer player poderia me substituir porque eles já tinham estrutura. Diante da minha postura de não aturar mais nada que não tivesse minha pré-autorização, visto que usavam meu nome e imagem, fui vítima de um golpe onde mudaram o regime de governança para que eu não pudesse mais decidir nada. Sem poder decidir, nem demitir funcionários, sem nenhum controle sobre gastos, sem nenhum poder de decidir nada, nem os resgates que precisava fazer, como eu poderia continuar pedindo dinheiro para eles?”.
Luisa Mell também mencionou como foi comunicada sobre seu afastamento do atual Instituto Caramelo.
"Quando eu voltei, eles falaram: conseguimos doações, a gente doou muitos cachorros, já temos milhões de seguidores nas redes sociais, já temos artistas que nos seguem. Não precisamos mais de você", apontou a ativista.
Contudo, ela confessa que não liga para as críticas. Apesar de se sentir mal com elas, segue fazendo o trabalho que se propôs.
“O ódio é o que mais viraliza na internet – é de uma violência tamanha. Mas eu não faço pelas pessoas, se não já tinha desistido. Faço pelos animais, porque se eu sou massacrada. Eles são muito mais. Quando eu penso na minha dor, lembro deles”, conta.
Fernanda Leite
@fernandaleitecomunicacao