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Depois de dois anos de pandemia e confinamento, e da eleição mais agressiva e conturbada da história, o Brasil chega a 2023 em frangalhos.
Isso vale para pessoas físicas e jurídicas.
Os últimos números mostram que, no momento em que você lê este texto, 78% das famílias brasileiras estão endividadas até o pescoço.
As empresas não estão em melhor situação. No caso das TVs abertas brasileiras,não é diferente.
O ano passado deve se mostrar excepcionalmente trágico no fechamento do balanço das emissoras comerciais.
Além do impacto que o coronavírus teve na saúde mundial, ele também atingiu em cheio a TV aberta, que já estava em situação difícil havia anos.
Com a chegada e ascensão do mundo digital, da internet e de novos aparelhos e formas de lazer, a TV vem sofrendo forte perda de receitas nos últimos 10 anos.
Ela ainda tem mais de 60% do bolo publicitário nacional, como já analisamos em outra coluna aqui no Frisson.
Parece muito, mas ele já foi de uns 90% há mais de duas décadas, quando a internet nasceu.
Pois hoje a internet já abocanha quase 30%. Sua fome pelo “bolo” não parece ter fim e aumenta ano após ano.
Das cinco TVs comerciais do Brasil, a única que se preparou para os novos (e tristes) tempos que vivemos, definitivamente, é a Globo.
Foi a primeira a investir pesado em sites, conteúdo digital e a primeira a investir em streaming.
E, mesmo assim, sua situação só é mais confortável devido à sua liderança histórica dentro dos grupos de mídia do país, e nos olhos do mercado publicitário.
SBT, Record, Band e RedeTV não deverão ter nada de bom para lembrar de 2022.
O pior é que não há muito que os donos das emissoras possam fazer.
Com contas a pagar e sem dinheiro para investir, a única luz no horizonte seria a entrada de novos investidores e sócios, o que também já falei aqui no Frisson:
Para isso, a legislação de telecomunicações teria de mudar para permitir a entrada de grupos estrangeiros e seus milhões de dólares na TV aberta (e rádio).
Porque elas ainda são poderosas, mas não vão conseguir convencer os anunciantes a reduzirem seus investimentos no universo digital.
Para piorar, elas não estão investindo na internet tanto quanto deveriam (exceto a Globo).
O tempo está passando. A TV está velhinha e entrou na terceira idade (65 anos em 2023).
Ou ela cuida de sua saúde agora ou será tarde demais.
Por Ricardo Feltrin