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Dias atrás a Anatel divulgou mais uma vez os dados mensais de consumo de TV por assinatura no Brasil.
Esses números estão sempre um mês atrasados, por causa das coletas, tabulações e outras burocracias da Agência Nacional de Telecomunicações.
Ou seja, neste texto estão os dados de novembro. Mas, isso não muda ou significa grande coisa. Vamos lá.
Novembro terminou com 12,5 milhões de pontos de assinatura em todo o Brasil.
Para cada ponto (cada moradia) você pode calcular, de acordo com dados do IBGE, cerca de 2,7 pessoas em média.
Ou seja, são quase 34 milhões de brasileiros consumindo canais que eles estão pagando para ver, o que não deixa de ser uma “população” impressionante.
Vocês já devem ter ouvido alguém falar (inclusive vocês mesmos, leitores do Frisson) que a TV paga está morta, ou que ninguém liga mais para ela.
“Ainn mas quem ainda assina TV, Feltrin? Hoje tem streaming que é muito mais barato!”
Fato.
Porém, há duas “variáveis” que ninguém lembra nesses dois parágrafos anteriores. A saber:
1) O público da TV por assinatura tem uma importância extraordinária para o mundo dos anunciantes. A quantidade de gente, a faixa etária, a classe social, de escolaridade e perfil de consumo é fundamental para as análises mercadológicas das agências de publicidade;
2) Existe algo chamado “hábito”. Milhões de pessoas, como mostra o número acima, ainda preferem ver conteúdo linear, ainda que repetitivo e cheio de propagandas a cada 10 minutos. São pessoas com hábitos de lazer domiciliar arraigados.
Eu mesmo sou um exemplo. Tenho quatro serviços de streaming e não vejo praticamente nenhum. Prefiro a TV paga, Sim, literalmente estou jogando dinheiro fora, mas minha profissão pode exigir que eu tenha esses serviços a qualquer momento.
E não estou sozinho nessa mania de TV paga. Estou acompanhado por vocês.
O Nordeste é a ÚNICA região do país em que a TV por assinatura ainda está crescendo. Não é algo pontual. Nos últimos anos isso tem acontecido sistematicamente.
Em um ano (novembro de 2021 - novembro de 2022), o número de assinantes nordestinos cresceu impressionantes 8,4%, enquanto que na média nacional ele caiu 6,4%.
Só essa informação já é excelente para anunciantes, marcas e serviços.
Eles têm um incrível e imenso universo de amostragem (quase 34 milhões de pessoas) e podem decidir se investem mais ou não numa região em que o universo de consumo se expande, e não o contrário.
O futuro dessa plataforma, a TV paga, continua incerto. Tanto em seu formato, que já dura mais de duas décadas e meia, como em seu público.
Afinal, há oito anos eram praticamente 20 milhões de pontos no Brasil. Hoje são 12,5 milhões.
A tendência de queda não dá mostras que vá parar repentinamente, mas indica que, talvez, sua base esteja chegando ao limite da perda.
Fazendo uma analogia, a TV por assinatura definitivamente está na UTI. Mas segue respirando também graças ao Nordeste.
Por Ricardo Feltrin
@feltrinoficial