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"Governança: uma questão crítica nas turbulências", por Cícero Rocha

Fundador do Instituto Empresariar, Cícero Rocha fala sobre como empresas podem driblar fenômenos para não serem pegas desprevenidas

Foto: Divulgação

Em períodos de turbulência, a ausência de uma boa governança pode inviabilizar muitas empresas familiares, pondo em risco sua perpetuação. Epidemias, desastres naturais, guerras ou mesmo recessões econômicas parecem eventos improváveis, e, justamente por isso, costumam nos pegar desprevenidos. Nesses últimos 30 anos, experienciando variadas crises que impactam em uma empresa familiar, algo que tem me auxiliado muito é o Método BFB, uma metodologia desenvolvida pelo Instituto Empresariar exclusivamente para as empresas familiares brasileiras e que as define como um ecossistema orgânico constituído por quatro subsistemas integrados. Nessa perspectiva, lidar com os impactos de momentos adversos nos negócios familiares exige uma compreensão anterior sobre como essas situações podem impactar a cada uma dessas partes constituintes, sendo elas:

Indivíduos-chave:

Em momentos de turbulência, os indivíduos-chave — fundadores, fundadoras, funcionários antigos —, isto é, aqueles que sofrem e/ou exercem elevada influência no sistema como um todo, podem ficar emocional e psicologicamente abalados. A desestabilização dessas lideranças frequentemente impacta todo o ecossistema familiar. Em especial quando os mesmos não têm uma visão de futuro alinhada.

Fámilia empresária:

Há uma fragilização das relações familiares em momentos de crise, seja pela perda de parentes ou pela privação dos momentos de convívio doméstico e social, ultrapassando o âmbito da família e contaminando os negócios. Para um empreendimento familiar, uma família em desarmonia equivale a uma empresa debilitada. Em momentos de crise, deve-se redobrar os cuidados com a harmonia da família empresária.

Empresa familiar:

As consequências de períodos de turbulência podem ser sentidas pela empresa familiar de dois modos: a curto prazo, experimenta-se o assombro repentino com queda de vendas, fechamento de filiais, descontrole de caixa e renegociação de dívidas, algo não rotineiro ao ambiente dessas empresas; a médio e longo prazo, são sentidos os efeitos mais profundos e de maior impacto, mas menos visíveis. Destaco: o mapa mental, mindset das lideranças, sócios, que precisam ser atualizados diante das mudanças que ocorrem comumente no pós-turbulência. Esse ponto é mais crítico em uma empresa familiar dada a uma das suas características mais comuns: o conservadorismo.

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Sócios:

Sem um devido planejamento acordado e participativo, formalizado e legalmente estruturado, momentos extraordinários de crise comprometem seriamente as relações societárias da empresa familiar. A necessidade de planejamento patrimonial e de definição de regras entre os sócios se acentua, sobretudo em situações como a de falecimento ou inabilitação de sócios, com a consequente entrada de seus herdeiros e familiares na gestão da empresa.

Como profissionalizar para perpetuar?

Não são todas as empresas familiares que se desestabilizam em momentos adversos. Conforme estudo elaborado em 2020 pelo banco suíço Credit Issue, a lucratividade e a estabilidade de empresas familiares durante a pandemia da COVID-19 foram mais altas do que de outros negócios, gerando também maiores margens de ganho para os acionistas. Diante disso, nos questionamos: por que, em momentos turbulentos, alguns empreendimentos familiares prosperam e outros são profundamente afetados?

A resposta é simples: empresas que investem na profissionalização e na expansão dos seus negócios estão muito mais preparadas, fortalecidas e bem assistidas para lidar com situações de crise. Dentre as soluções profissionais mais buscadas está a Governança Corporativa — um mecanismo de gestão que, de maneira estruturada e adequada à realidade de cada negócio, visa garantir a perpetuidade de todo ecossistema da empresa familiar.

Agilidade, método e um especialista

Nesses últimos 20 anos atuando no Instituto Empresariar, tenho tido sucesso na implementação da Governança a partir do instante em que me utilizei do método Balanced Family Business (BFB), uma metodologia largamente testada, com elevada base teórico-científica que, por meio de técnicas, processos, ferramentas e postura, permite orientar de forma integrada os envolvidos nos negócios e os profissionais que os auxiliam. Na perspectiva do Método BFB, a empresa familiar é um ecossistema orgânico, vivo, formado por quatro subsistemas integrados (como já visto acima), mas que possuem objetivos específicos e um desejo único de perpetuar todo o ecossistema. A implementação desse método auxilia na estabilização da Governança e de todos os demais processos de gestão da empresa familiar.

Uma Governança implementada com êxito irá garantir a manutenção de um conselho atuante e com uma arquitetura de informação capaz de analisar e avaliar o desempenho da empresa, alinhar o foco à estratégia e ter uma excelente dinâmica de relacionamento com os indivíduos, a família e os sócios. Além disso, é também fundamental, sobretudo em períodos turbulentos, que as famílias empresárias consigam encarar abertamente a crise, estipulando métodos sadios de discussão e processos de decisão transparentes. Neste sentido, a implementação da Governança Corporativa é o investimento ideal, pois ela não só irá facilitar um fluxo de comunicação maduro entre todas as partes interessadas, como irá estabelecer uma relação de confiança entre empresa e stakeholders.

Os líderes de empresas familiares, agora mais do que nunca, precisam fazer todo o possível para garantir que suas escolhas sejam feitas com base em análises cuidadosas. A qualidade da tomada de decisões pode ser aprimorada por meio de uma estrutura de Governança — Conselho de Família, Conselho de Negócio e Conselho dos Sócios. Para aqueles que já têm um processo de governança em andamento, os períodos de crise são oportunos para reavaliar o seu funcionamento.

Alinhamento e balanceamento é fundamental para o sucesso 

No Instituto Empresariar, entendemos a Governança Corporativa de uma empresa familiar como um processo integrado e balanceado entre os indivíduos-chave, a Governança da Empresa, a Governança Societária e a Governança Familiar. Compreendemos que a conciliação dessas três frentes garante políticas e relações sólidas que auxiliam os negócios familiares na superação dos problemas impostos por períodos adversos.

Os momentos de turbulência são desafiadores, mas, para aqueles que estão abertos e dispostos à mudança, podem oferecer grandes oportunidades. A Governança é uma delas.

Cícero Rocha, CEO e Fundador do Instituto Empresariar, Mestre em administração e educador, professor de MBA de escolas Americanas e Brasileiras. É o principal especialista em empresas familiares do Brasil com maior atuação prática no País, já implantou mais de 1380 projetos em mais de 600 empresas em todo o território nacional.

 

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