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Mariana Andrade Sousa: ela é pura moda

Prepare-se para este nome: Mariana Andrade Sousa. Talvez você ainda não a conheça. Mas esta coluna fará uma previsão: o nome dela será um dos mais importantes do cenário de moda nacional. Apaixonada por estilismo e suas particularidades desde pequena, a jovem ficou conhecida no Ceará por participar – e sair vitoriosa! – do reality show Comunidade Moda, veiculado na TV Cidade Fortaleza. Com uma rotina super agitada, Mari, como é chamada pelos mais próximos, nos recebeu para um descontraído papo sobre a carreira e vida pessoal. Confira:

Qual o sentimento existente agora que você venceu o Comunidade Moda?

Gratidão. Me vi rodeada por amigos e familiares que contavam com meu melhor. Me senti apoiada em todos os momentos. Estou muito feliz! Todos os anos, acompanhava o Dragão e sempre falava para os meus amigos que um dia iria desfilar minha coleção. Hoje, vejo que isso é possível e que vai se concretizar. Próximo ano, será a realização de um sonho.

Em algum momento, passou pela sua cabeça que você poderia vencer a competição?

(Risos) Nunca tive 100% de certeza, nem poderia. Tinha muita gente boa, pessoas que foram eliminadas por um pequeno deslize. Fui passando nas provas, hora com destaque, hora por pouco. Eu estava meio que no automático, não pensava em nada. No último dia de gravação, antes do grande desfile, tive a oportunidade de ter um feed back diferente, de pessoas que não eram da minha família ou amigos. Pessoas que nunca tinham me visto ou sabiam da minha história. Eram olhares agradáveis para minha peça, me passaram naquele momento uma confiança e a esperança que poderia vencer.

Quando surgiu o interesse pela moda?

Desde sempre, praticamente. Minha avó era "costureira de olho", ela fazia roupinha para as filhas dela quando mais nova. Lembro muito ela fazendo roupinha para minhas bonecas também. Aprendi a fazer moulage com ela nas próprias bonecas. O engraçado é que, na época, nem eu ou ela sabíamos que aquilo que fazíamos com as bonecas era moulage (risos). Mesmo ela já velhinha e com o ponto já não mais perfeito, ela sempre tinha uma linha e uma agulha para ajustar ou consertar alguma roupa. Sempre cresci com isso. Sempre gostei de reinventar minhas roupas, de reformar literalmente as roupas da minha irmã mais velha para usar de outra forma. Apesar de que, em um determinado momento da minha vida, eu tentei fazer outras coisas. Mas a moda sempre esteve comigo, está no sangue.

É verdade que você pediu demissão do seu emprego para se dedicar ao reality? O que sua família achou disso?

Não. Não pedi e não pediria porque, como profissional, acredito que não seria legal abandonar de repente meus chefes e colegas de trabalho. E se, eu tivesse pedido, minha família poderia até não gostar, mas não interferiria em minha decisão. Talvez minha irmã ficasse muito chateada, com certeza me daria um grande sermão e me convenceria que o que fiz foi uma loucura. Ela me ajudaria a tentar conciliar os horários para que eu não desistisse de um ou de outro.

Quais os próximos passos de sua carreira, Mariana?

Eu quero construir um ateliê não só na área de vestuário, mas um ateliê completo. Que eu possa trabalhar com o design de moda em si. Desde sapatos e acessórios até chapéus se assim o cliente desejar. Quero poder criar o tempo todo. Ser uma grande designer. Para isso, o próximo passo é focar, estudar e começar essa construção. 

Qual sua formação acadêmica?

Ainda não possuo uma formação acadêmica. Tudo o que sei é o que vi em casa, na minha vizinha costureira, tutoriais na internet e no ano passado, quando tive a oportunidade de cursar o primeiro semestre da faculdade de Design de Moda. Dei uma pausa, mas pretendo, assim que possível, retornar aos meus estudos.

Quais as principais dificuldades enfrentadas em sua breve carreira?

Não diria breve carreira. Nesse início, e se Deus permitir, de longa carreira, é a questão do tempo e do dinheiro. Tempo e dinheiro são minhas maiores barreiras para começar a produzir.

Quais as principais lições que tirou ao longo da vida profissional?

Ser pró-ativa, inovar, não fazer só o que pedem, mas tentar mostrar algo além. Na minha vida profissional, nunca exerci apenas o cargo que me foi imposto. Eu sempre desenvolvi mais. Eu nunca fico num lugar só e gosto de ser útil, ajudar. Levo isso não só para minha vida profissional, mas na vida pessoal. Sempre tento inovar, melhorar e me superar. Não fazer o óbvio. Minha irmã sempre diz: "Não seja uma profissional medíocre".

Como define o atual momento político e econômico brasileiro?

Eu não sou muito envolvida com política, não entendo e até prefiro assim. Hoje, vejo discussões políticas entre irmãos e amigos, pessoas intolerantes à opinião do outro, não existe mais o respeito, só existem dois lados e você precisa escolher um. Eu não, prefiro manter a distância. Sei que o Brasil está passando por uma das maiores crises da história política e econômica da história, isso é um fato e todos os brasileiros sentem isso, mesmo sem entender como eu. Está difícil para todos. Mas acredito que toda essa crise não é de hoje, mas como disse, não entendo e de verdade, não sei se quero entender.

Como divide o tempo entre família, trabalho e lazer?

O meu tempo quem define é o meu trabalho. Trabalho oito horas, às vezes 12 horas. Com a família, a maior parte é muito unida. Tenho primos e tios que moram na mesma rua, o que ajuda muito no convívio. Minha irmã, fisicamente, é a que fica mais distante, também por conta do trabalho, mas não tem um dia que não trocamos pelo menos mensagens. Estamos sempre juntas. O lazer é um pouco difícil, na maioria das vezes tento descansar e dar atenção ao namorado, mas sempre que possível consigo sair com ele e os amigos para comer ou assistir algum filme.

Quais suas principais referências e influências como estilista?

Não tenho muitas referências na moda. Eu tento não me ligar muito aos estilistas, a um modo ou padrão, basicamente para não influenciar na minha criação. Isso não quer dizer que não saia algo que já existe, mas não deixa de ser interessante. Agora, a música, o ambiente, uma obra de arte, isso me inspira muito. Gosto de ver e ouvir, e isso mexe com o meu criativo. Formas, ritmos, lugares, histórias e pessoas, isso que influencia no que crio.

Como cuida do corpo e da mente? É uma mulher vaidosa?

Eu não tenho um bom cuidado com o corpo. Sei que poderia fazer mais. Tento me alimentar bem. Meu namorado tenta me ajudar muito nesse quesito. Exercício físico, tento caminhar quando tenho um tempinho e só. Em relação a exercício mental, este, sim, eu pratico. A música faz parte do meu dia a dia e é o que alimenta minha alma! Para mim, cura qualquer cansaço mental, qualquer tipo de perturbação mental. Sempre estou relaxando minha mente com música. Eu me considero uma pessoa vaidosa, sim. Não ao ponto de me verem sempre num salto agulha ou super maquiada. Gosto de ser vaidosa sendo também básica e discreta. Gosto de me sentir confortável, de estar bem comigo mesma. A vaidade para mim não é só a estética externa, mas principalmente interior, algo individual de cada um. Se você está bem, automaticamente você externa um brilho natural.

Para você, o que é ser uma mulher chique?

Ser chique vai além do que você usa ou compra. Quando eu penso em uma pessoa chique, eu penso em uma pessoa educada e gentil, isso transmite elegância. Existem pessoas que usam roupas de grife e joias caras, mas não tem porte, educação, não tem elegância para sustentar o que usam. O ser chique é muito mais do caráter da pessoa, da forma como trata as pessoas.

O que gosta de fazer nas horas livres?

Gosto de pintar quadro escutando música e tomar chá.

Quais suas marcas preferidas?

Eu não tenho uma marca favorita. Eu gosto de roupa. Eu procuro qualidade, não me importa quem fabrica, qual marca lançou. Não compro por isso. Aquela que tem um bom tecido, qualidade na costura, no caimento, aquela que eu me sinta bem, essa é minha favorita.

Como define atualmente o mercado de moda cearense?

O Ceará é o terceiro maior polo têxtil do Brasil e isso vem sendo uma crescente constante. Estamos saindo do Ceará para o mundo e, lá fora, temos nomes e destaques há muito tempo. Mas precisamos de mais apoio, de mais reconhecimento aqui dentro. A difícil tarefa de valorizar o que é de casa. As pessoas de fora valorizam mais nosso trabalho do que nós mesmos. O cearense é um povo muito rico culturalmente, rico de matéria prima, de mão de obra, de criatividade e, principalmente, é "desenrolado", não tem medo de trabalho, isso engrandece mais ainda nosso mercado.

Quais seus estilistas prediletos?

Eu sou muito fã da moda handmade, das rendas, pedrarias, do artesanato. No nosso estado, admiro o trabalho da Almerinda e Ivanildo Nunes.

De que maneira pretende lidar com a concorrência?

Não me vejo com concorrentes, quero trabalhar com minha criatividade, com meus pensamentos, e o que tenho na minha cabeça só pertence a mim. Acredito que o mercado tem lugar para todos, mas, se de alguma forma eu me deparar com a concorrência, eu espero lidar com a criatividade, sempre inovando, em constante mutação. Nunca se acomodar.

O que é necessário ter para você considerar uma coleção como perfeita nas passarelas?

Acredito que as coisas simples são as que mais podem encher os olhos. O fuxico, por exemplo, tão simples e tão interiorano, mas, sendo bem utilizado, pode trazer muito luxo e muita sofisticação na passarela. O pouco é muito. O simples é o luxo.

Como define a importância da sua família na sua vida?

Eu carrego minha família comigo. Mais precisamente a minha avó, minha mãe e minha irmã. Em tudo que faço, elas estão comigo. Seja nos ensinamentos que tive, nos sermões que levei, em cada exemplo que tento seguir. Essas mulheres, para mim, são as mais fortes, as mais lindas e mais criativas que eu já conheci. Eu só tenho a agradecer a Deus ter me dado a graça de tê-las em minha vida, seja fisicamente ou espiritualmente. São meus maiores tesouros e psra sempre vou levar comigo. 

Para você, o que causa frisson?

É estar ao lado dos amigos, é dançar com quem ama, são momentos inesquecíveis em nossas vidas que causam frisson e são capazes de nos deixar em extrema sensação de felicidade. Causar frisson, para mim, não é só ser vista, mas ser bem vista. É estar feliz e transmitir essa felicidade.

Como define o seu estilo enquanto estilista?

Meu estilo ainda está sendo formado, não tenho nada definido. Gosto muito de artesanato feito à mão. Gosto de inovar, mas sei respeitar os clássicos. A verdade é que estou começando agora e tenho muito caminho para percorrer antes de falar: Esse é o estilo da Mariana. Tenho muita coisa para descobrir, muitas estradas para desbravar, muitas pessoas para conhecer. Tudo isso vai contar para minha formação e o que eu vou ser futuramente.

Por fim, quais seus maiores desejos para o futuro?

Meu maior desejo é ser feliz e ter um sobrinho da minha irmã Yanne. Construir minha família perto da família dela, ficar mais tempo perto dela. Quero passar esse amor e respeito que temos uma pela outra para nossos filhos. Mostrar como deve ser uma família unida. Mantendo nossa futura grande família com amor, respeito, união.

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