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Reflexões sobre as dinâmicas das relações por Padre Airton


Foto: Reprodução Instagram

A maneira como tu percebes certos acontecimentos responde por determinadas reações, nem sempre claras para ti, em (in)determinados momentos. O que de mais íntimo e estrutural trazes em ti repercutirá diretamente em como haverás de sentir e, conseqüentemente, numa forma própria de ser. Quando o tema, na vida, for discernir, o que implica em ter sabedoria para enxergar, além de ver, contará, nesse momento, o fundamento, a estrutura do que se traz consigo.

A dinâmica das relações procede de uma estrutura bem ou mal formada. Ela aparecerá nas relações interpessoais e aí ocupará o seu lugar determinante acerca do que é e do que estiver em vias de ser. Isso posto, há, em seguida, que se aguçar a função do olhar (função escópica), que, com seus derivativos, revelar-se-ão presentes nas mais variadas situações.

Em seguida, claro, há de se firmar onde se queira chegar. De forma clara e precisa, para esse ponto é fixar o olhar. Nele, há de ser posta a certeza de que, além de ver, pode-se enxergar. Os que se negam a isso verão tão-só o que da realidade não os deixa ver, por não querer enxergar senão, em tudo, o espelho do seu próprio olhar.

Tu és, portanto, um sujeito de percepção junto a outras percepções que contigo interagem. Mesmo os que isso se negam a fazer, fazem-no a partir de uma posição tomada, de um lugar determinado, mediante o qual o ângulo de seu olhar é formado. Tu não podes ficar numa atitude de “objetiva” observação em vista de manter a “necessária neutralidade” do observador em relação ao observado.

Toda observação resulta de uma interação. Existe entre ti e o mundo circundante uma tal rede de conexões, consciente ou inconsciente, que a busca de uma neutralidade objetiva seria uma maneira de negar a realidade objetiva, que é a própria rede de relações que nesta mesma realidade há. Tudo o que cai sob o teu olhar é situado e avaliado segundo um paradigma do qual não podes prescindir. Ele passa por ti e age em ti, bem antes que nisso possas te perceber. A tua própria percepção acontece por estar num paradigma fundamentada.

Ninguém olha a partir do nada. Existe um modelo a partir do qual tu avalias determinada situação e, mesmo que disso não saibas ou disso não queiras saber, o paradigma estará presente naquilo que tu percebes, mesmo para quem olha e não quer ver. Tu precisas saber que o que causa encontro e desencontro, encanto e desencanto, que nos dá alegria ou nos faz sofrer tanto, depende da interação entre duas vontades que possam se entrecruzar. Isto não demanda de ti uma posição de alhear-se para observar com objetividade e, depois, “analisar as características dos elementos, a fim de conhecer o todo objetivamente”. Acerca disso, eu te dou um só exemplo: ora em forma de partículas, ora em forma de ondas, observa-se a transmissão da luz no espaço, a “depender da interação com o observado em determinado momento”. És um ser de interação. Por esta via, sai-se do isolamento, desconhecimento de si e do outro conseqüentemente. A alteridade se faz em respeito e atenção a esses elementos,dos quais não ajuda, quer negar ou manter uma atitude denegação ou desconhecimento.

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