Aos 31 anos de idade, Ana Gabriela é atualmente uma das mais respeitadas vozes da música católica no Nordeste. Consagrada na Comunidade Shalom há uma década, ela ousa propagar sua experiência com Deus ao máximo de pessoas possível- através da música, é claro.
Além disso, ela canta em casamentos, um trabalho diferenciado que busca tornar cada cerimônia única e especial. Em suas apresentações nos casórios, Ana Gabriela usa vários formatos com vozes e instrumentos, deixando tudo inesquecível.
Saiba mais sobre a vida, a carreira e os desejos de Ana Gabriela na entrevista exclusiva que ela concedeu à Coluna Frisson.
Você se propõe a cantar um cântico novo a todos os povos. Como define essa missão tão ousada?!
Existe algo dentro de mim que ecoa mais forte do que simplesmente cantar para satisfazer um desejo ou sonho pessoal, de algo em meu benefício. É como um grito forte que me faz querer ir além e oferecer o que um dia eu experimentei: o amor de Deus, o que hoje me traz o sentido de vida, a razão de viver. E encontrei na música o caminho, a missão a seguir como um meio de levar essa experiência a todos. O que de mais valioso eu tenho na vida quero oferecer através da música, da arte e por onde Deus me levar. Ousadia é o que eu peço a Deus.
Como e quando surgiu o despertar pela carreira musical como forma de propagar a palavra de Deus?!
Ainda bem pequena, eu já participava de grupo de oração para crianças na Comunidade Shalom e, no “Projeto Criança”, nós éramos convidados a levar a nossa experiência com o amor de Deus para outras crianças e adultos através da dança, do teatro e da música. E me chamaram para ir para a música, e aí foi a primeira vez em que eu cantei uma música para alguém ouvir e, a partir de então, sempre estive a cantar e estar no meio da arte para a evangelização.
Você é publicitária por formação na Universidade de Fortaleza e atuou na gerência de marketing de um shopping. Como analisa essa experiência?
Uma experiência fantástica. Aprendi muito. Gosto da Publicidade e hoje busco aplicar tudo que aprendi com minha formação e experiências profissionais no meu trabalho com a música.
Quando você entrou para o Shalom e se tornou consagrada?
Do Shalom, eu faço parte desde criança e sou consagrada há uns 10 anos, sempre fez parte da minha vida.
Quando descobriu seu dom de cantar e servir a Deus com sua voz?
Essa descoberta, na realidade, sempre foi um passo a passo, uma descoberta de longos anos. Pessoas, irmãos preciosos na Comunidade que puderam enxergar antes de mim e me impulsionar sempre mais, encorajar e me ensinar o caminho. Até hoje, preciso deles, pois não vou sozinha, é como se eu desse voz a muitas vozes que estão juntas e unidas no meu cantar, pois queremos passar a mesma mensagem.
Qual sua maior inspiração na hora de compor? O que espera atingir com suas músicas?
Minha maior inspiração: Deus e seu amor. Deus, que é amor e nos dá sentido para seguir, que muda as nossas vidas, que está dentro de nós. O que eu espero é que as pessoas possam ter a mesma experiência que eu tive e mudar de vida e poderem. a partir de então, renovar a cada dia, a cada momento essa experiência.
Você passou por uma grande provação, quando perdeu seu segundo filho, José Rafael, com poucos meses. O que lhe manteve em pé?
Muitas vezes é somente na dor que procuramos auxílio. Porque como na dor nos tornamos tão necessitados de consolo e de respostas que somente aí damos espaço para Deus. No meu caso, eu já havia experimentado concretamente o amor de Deus, mas durante a vida do José Rafael e toda sua trajetória eu pude contemplar com um novo olhar o sentido da vida, da doação, pude permitir que Deus me amasse mais, pude me permitir sofrer e dar um sentido a esse sofrimento. Vendo naquela criança, no meu filho, quão efêmera é a vida humana e questionar o que estamos fazendo da nossa vida, que sentido estamos dando a ela. O que me manteve de pé foi a graça de Deus que me orientou para a eternidade e a tirar o meu olhar da dor e colocar Nele, por minha confiança em Deus e isso devia me bastar. Ele estava a sofrer comigo, a caminhar comigo, a me segurar nos braços.
Tem alguma música inspirada nele?
Tem uma música que compus antes dele nascer, mas que se tornou uma profecia na minha vida e na vida de muitos. E é uma música que estará no CD que vou lançar em julho, que se chama “Um milagre vai acontecer”.
No Projeto Criança, da Comunidade Católica Shalom, você participou do grupo de oração infantil “Jesus Amigo”. Qual a importância desse momento em sua carreira atual? O que mais te marcou no período?
Ali, foi o começo de tudo, onde acredito que Deus começou a plantar a semente para depois poder germinar. Tem toda a importância, ali foi a minha base, foi onde foi plantado o alicerce para que hoje eu pudesse continuar. Me marcou muito um show que fizemos onde crianças evangelizavam crianças através da dança, do teatro e da música. Até hoje, muitos caminhamos e cantamos juntos. Foi inesquecível.
Aos 11 anos, você participou de um festival de música como compositora. Relate um pouco dessa fase.
Foi aqui, quando comecei a compor e me lembro, foi bem inesperado, apenas parei a noite em casa na rede e, enquanto fazia minha oração, a letra ia surgindo e, assim, eu fiz 3 músicas para participar do festival infantil e uma delas ganhou o primeiro lugar. Uma experiência única onde as crianças participavam com suas composições.
A quê ou quem atribui o dom de compor?!
Bom, a minha avó cantava também no coro da Igreja em Morro Branco, acho que vem dela, mas com certeza dado por Deus. E também acho que eu precisava ter começado a cantar novinha ainda mesmo, porque eu era tímida e acho que por causa do grupo de oração, daquele comecinho, criança, é que hoje eu canto. A composição veio nesse contexto, no momento em que eu tive esse impulso do festival de música infantil.
Conheça uma de suas músicas: Um Milagre Vai Acontecer
Como define sua participação nos CD’s de 25 e 30 anos da Comunidade Católica Shalom?!
As participações nos CD’s e nos projetos artísticos da Comunidade Shalom são experiências maravilhosas, que me impulsionam, que me fazem perceber que não estou só, que caminhamos todos juntos em vista de um mesmo objetivo, uma mesma razão para fazer tudo isso. E todo o meu caminho musical está completamente inserido na Comunidade, nesse carisma de Paz. Não dá para separar. E esses últimos são CD’s comemorativos e nós nos reunimos para compor as músicas juntos, em oração, compartilhando os dons. Algumas músicas nossas do CD dos 30 anos, “Um só corpo”, foram cantadas também nas missas da Jornada Mundial da Juventude Rio2013. É uma alegria grande demais poder partilhar isso tudo.
Qual sua visão sobre a forma como a igreja deve se portar no século XXI com públicos tão heterogêneos?!
O Papa Francisco tem nos mostrado como seguir, a linguagem do amor, do evangelho. Imitar Cristo. Como sempre deve ser. A Igreja existe para servir, para a cada dia mergulhar no amor de Deus. Se prestarmos atenção a tudo o que o Papa nos direciona e buscarmos viver, estaremos no rumo certo.
Como acha que a Igreja Católica pode retomar sua massa de fiéis?
Acho que a preocupação não é a "massa", não é fazer número, mas é o ser humano, é levar cada homem e mulher a ter uma experiência concreta com o amor de Deus, proporcionar essa experiência. A preocupação da Igreja é viver em Deus para levar Deus para cada pessoa. E o caminho do Evangelho, da oração, é que nos aproxima de Cristo para podermos ir ao encontro do outro. Deixarmos Deus agir em nós para que através de nós Deus possa agir no outro.
Agora, sua carreira está focada em semear um canto de paz. De que maneira define esse canto e como analisa sua inclusão no grande público que vai além do religioso?
Esse canto, essa música, é para levar o amor de Deus, a experiência que eu tive com o amor de Deus para o mundo, esse amor que traz a paz, que é a paz. E a música que me proponho a fazer hoje é justamente para todos, não está restrita a um tipo de público, a um público somente religioso, não, é justamente para que outros possam ouvir também falar do amor de Deus de uma forma diferente, atual, possam ter essa experiência que eu tive. Uma música jovem e atual.
Qual seu grande sonho?
Poder ver esse mundo sendo transformado pelo Amor de Deus
Se você tivesse que cantar para o papa, qual música dedicaria a ele?
Bom, pude cantar na presença dele na Vigília na Jornada Mundial da Juventude Rio 2013. Mas, se fosse cantar para ele mesmo, não sei qual música dedicaria, talvez eu fizesse uma nova música para ele.
Como administra sua agenda entre trabalho e família?
Vamos pedindo a graça a Deus de saber dar o tempo devido a cada coisa.
Qual segredo para você ter tanta autoestima?
Pedindo a graça a Deus todos os dias, Ele vai ordenando o nosso interior, já que no mundo hoje você precisa ser o melhor, porque se não for o melhor você não vale. Você precisa dessa graça para ir além do que nos é imposto.
Assista a entrevista que Ana Gabriela Santos concedeu ao programa Intencidade com Carol Rabelo
E a vaidade? Quais suas dicas de beleza?
Com relação à vaidade, eu prefiro usar a palavra cuidado. Acho que precisamos estar bem, nos vestir bem, cuidar da aparência, da saúde, mas tudo com sobriedade. Busco encontrar a sobriedade, encontrar o equilíbrio. E a dica que eu dou é essa, cuidar de si com equilíbrio, sem deixar que os cuidados subam a cabeça e faça viver centralizado em si e perder o foco da vida.
O que costuma fazer nos momentos de lazer?
Costumo estar com minha família, com amigos, ir à missa juntos, um passeio, um bom filme, buscar atividades que possamos fazer juntos.
Qual projeto podemos aguardar para o futuro da sua carreira?
Primeiramente, ainda este ano, em julho, no Halleluya, o CD vai estar sendo lançado e, daí para frente, com a Graça de Deus, DVD, shows. Muitas novidades.
Bate-volta-rapidinho!
Um defeito... Timidez.
Uma ambição... Levar a experiência que vivi a todos que puder através da música.
Lugar para viajar... Um bom lugar bem acompanhado.
Uma qualidade... Ousadia.
Um livro... “Deus quer limpar seu coração” (de Slawomir Biela).
Viver é... Amar.
Deus... Tudo.
Família... Base de amor.
Amigos... Consolo.
Felicidade é... Deus.
Acompanhe mais fotos por Lino Vieira.