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Na alma humana encontra mais guarida aquilo que a torna livre


Foto: Divulgação

É preciso que te diga que na alma humana encontra mais guarida aquilo que a torna livre e não de freqüente ressentida. O que mais de freqüente cala no coração é a forma de ser, a que se revela no ato de se fazer, muito mais que tudo o que em ti possa se apresentar segundo tão-só teu bem-querer. A forma como algo vem a se dar conta muito para o que há de permanecer em preparação para o que depois virá. Por isso, quando tiveres de fazer ou dizer algo, cuida da forma, cuida da modalidade, porque o meio é também a mensagem, e a mensagem diz do conteúdo mais do que o próprio continente em si possa conter.

Exemplo: o copo é o continente; a água é o conteúdo. Não só a água, mais como se bebe, dizem do todo, de tudo. Existe o dizer e a forma de dizer; existe o que é dito e o que se dá a entender, mas nada permanece mais intensamente do que o que no interior (conteúdo) de alguém se guarda, em gesto (continente) expresso. Isto é bem mais do que as palavras poderiam expressar ao se dizer. A forma como tu hás de fazer, a maneira como tu hás de executar, diz muito do que em ti mais intimamente há, e, afinal de contas, a lição do que permanece passa pela forma de se dar. A forma (o meio, o continente) conta muito em tudo o que vieres a dizer ou fazer, pois nisso se revela o que mais intimamente vai no teu ser, e nada cala mais intimamente no coração, sendo-lhe condizente, que tudo o que preserva o equilíbrio entre coração e mente.

Guarda contigo esta lição: no meio está a mensagem, isso é verdade e não pode ser posto à margem. Considere-se, pois, que há certas coisas que fascinam e que nos ensinam como devemos fazer, e há outros fascínios que cegam, entorpecem, não deixam claramente ver. O que fascina facilmente ensina a ganhar ou a perder, a depender de por qual ângulo se olha, a depender de por qual ponto de vista se vê. Existe um fascínio que nos leva a nos encantar e, por causa dele, mesmo nas crises, podemos ser levados a dificuldades múltiplas ultrapassar.

Há fascínios, contudo, que não permitem enxergar os dados da realidade e, por mais que estes se lhes apresentem, não se consegue perceber a sua veracidade. Por isso, é preciso discernir entre um fascínio que entorpece e um fascínio que faz ver e querer vencer. Há um fascínio que leva a um assujeitamento, a um avassalamento, a um não saber mais de si, porque, vivendo no mundo da ilusão, é precipitado em tomar decisões das quais não participa o equilíbrio entre mente e coração. Existe um fascínio que nos leva a nos encantar e, por mais que seja difícil o momento presente, a certeza é mais ainda premente de que se haverá de triunfar. Esse fascínio é Deus que provoca no coração pela esperança nele depositada, a que não faz morrer mesmo na provação.

O outro fascínio diz respeito a se sentir fascinado por algum ser criado, que ocupa o lugar do fascínio primeiro. No seu lugar divino tendo sido colocado, haverá de ser destruído, por ter sido idolatrado, motivo de o fascinado tornar-se desencontrado. Por isso, tu precisas te perguntar, afinal de contas, acerca do que fascina o teu coração, isso quepassa, por qual momento, em teu olhar e ser olhado,fascinante ou tão-só fascinado. O que te leva a te fascinar conduz à superação dos teus limites ou te leva a não querer enxergar apesar de tantos gritos que o perigo ao teu lado está? Existem fascínio e fascínio, um fascínio que ensina, e um fascínio que não deixa ver. Está em ti discernir do qual se trata e qual deles, no estado presente, estás tu a viver.

Por Pe. Airton Freire

 

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