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Polícia Federal investiga Cid e Ciro Gomes por esquema de corrupção em obras de Castelão

A reforma, realizada devido à Copa do Mundo de 2014, ocorreu quando Cid Gomes era governador do Ceará

Foto: Divulgação

O pré-candidato à presidência Ciro Gomes e seu irmão, o senador Cid Gomes, são alvos de operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta quarta-feira, que pretende apurar fraudes, pagamentos de propina e outros esquemas de corrupção nas obras do Castelão, realizadas entre 2010 e 2013. 

A reforma, realizada devido à Copa do Mundo de 2014, ocorreu quando Cid Gomes era governador do Ceará. Lúcio Gomes, irmão de Cid e Ciro e atual secretário da Infraestrutura do Ceará, também foi citado em documento, segundo apuração da revista Veja. A decisão que autorizou a operação foi feita pelo juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32ª Vara Federal do Ceará. 

A operação Colosseum conta com 80 policiais federais para cumprir 14 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal. As buscas estão ocorrendo em domicílios investigados nas cidades cearenses de Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte, além de São Paulo, Belo Horizonte e São Luís.

Operação reuniu 80 policiais federais. Foto: Divulgação

Segundo nota oficial da Polícia Federal, as investigações tiveram início ainda em 2017, visto que foram identificados indícios de “esquema criminoso envolvendo pagamentos de propinas para que uma empresa obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão”. Segundo a Revista Veja, a empresa beneficiada seria a Galvão Engenharia. 

 Ainda de acordo com a PF, foram identificados também pagamentos realizados na fase de execução contratual pelo Governo do Estado do Ceará ao longo da execução da reforma, que incluiu ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Castelão. 

O valor em pagamentos seria de pelo menos R$ 11 milhões, feitos em dinheiro ou mascarados de doações eleitorais, feitas com notas fiscais de empresas fantasmas. 

Em suas redes sociais, Ciro negou envolvimento com corrupção e acusou a operação de tentar enfraquecer sua candidatura em 2022. “Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita”, escreveu Ciro, no Twitter. 

“Em tempos de um canalha como o Bolsonaro, a Polícia Federal veio na minha casa, nunca em 40 anos ninguém levantou uma suspeita. Não acho que sou um cidadão acima da lei, acho que todo mundo pode e deve ser investigado se houver qualquer tipo de denúncia ou acusação. Trocaram o delegado, o superintendente daqui. Como é que um fato de 2012, uma delação que acontece em 2017 sobre fatos que teriam acontecido e que não me envolve, porque o próprio delator disse que nunca falou comigo, como é que eu estou envolvido nisso? Qual é a explicação?”.

Também nas redes sociais, o ex-presidente Lula se manifestou, prestando apoio a Cid e Ciro Gomes. “Quero prestar minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato a presidente Ciro Gomes, que tiveram suas casas invadidas sem necessidade, sem serem intimados para depor e sem levar em conta a trajetória de vida idônea dos dois. Eles merecem ser respeitado”. 

Confira, na íntegra, a nota da PF: 

PF combate fraudes e corrupção em obra do estádio Castelão em Fortaleza/CE.

Ação aconteceu na manhã desta quarta-feira (15).

Fortaleza/CE- A Polícia Federal deflagrou a Operação Policial Colosseum, na manhã desta quarta-feira (15), com o objetivo de instruir inquérito policial que apura fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio Castelão, em Fortaleza/CE, entre os anos de 2010 e 2013. 

Oitenta policiais federais cumprem 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal, em domicílios investigados nas cidades de Fortaleza/CE, Meruoca/CE, Juazeiro do Norte/CE, São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG e São Luís/MA. As buscas têm como objetivo apreender mídias digitais, aparelhos celulares e documentos.

As investigações tiveram início no ano de 2017, sendo identificados indícios de esquema criminoso envolvendo pagamentos de propinas para que uma empresa obtivesse êxito no processo licitatório da ARENA CASTELÃO e, posteriormente, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo Governo do Estado do Ceará ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Castelão. Apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.

As investigações continuam com análise do material apreendido na operação policial e do fluxo financeiro dos suspeitos. Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva - art. 1º da lei 9.613/98; 89 e 90 da lei 8.666/93 e artigos 288, 317 e 333 do Código Penal. O nome da operação remete em italiano ao estádio Coliseu, localizado em Roma - Itália.

Confira pronunciamento completo de Ciro Gomes em suas redes sociais:

Até esta manhã eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um pais democrático.

Mas depois da Policia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.

O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014.

Chega a ser pitoresco. O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo.

Mas não é isso. E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que NUNCA me encontrou.

Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção.

Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pre-candidatura à presidência da republica. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018.

O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim.

Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita.

Nunca me senti um cidadão acima da lei, mas não posso aceitar passivamente ser tratado como um subcidadão abaixo da lei.

Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão.

NINGUÉM VAI CALAR A MINHA VOZ

 

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