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Reportagem detalha assédio sexual de Dani Calabresa cometido por Marcius Melhem, na Globo

Reprotagem da revista Piauí denuncia relatos de assédio sexual cometidos pelo humorista Marcius Melhem e o silêncio da emissora em tratar com o caso

Foto: MAURÍCIO FIDALGO_2017_REDE GLOBO/Reprodução Piauí

Uma reportagem da edição de dezembro da revista Piauí, intitulada “O que mais você quer, filha, para calar a boca” detalha relatos e casos de assédios morais e sexuais sofridos por atrizes da Globo pelo então diretor, ator e roteirista Marcius Melhem. Guiadas pela experiência pessoal da humorista Dani Calabresa, uma das primeiras a denunciar o humorista junto ao compliance da empresa, as histórias detalham o silêncio da emissora e a queda do humorista. 

Segundo a reportagem, o primeiro assédio sofrido por Calabresa foi em 2017, em uma festa para celebrar o centésimo episódio do programa Zorra, no qual Calabresa era uma das artistas. Após ter tentado beijá-la a força, Melhem foi até a porta do banheiro para seguir a humorista, onde a teria lambido e colocado as partes íntimas para fora da calça.

Mediante o desconforto, Calabresa deixou a festa. Em outro momento, durante um ensaio, Melhem foi aos Estúdios Globo, onde não costumava frequentar, para “se desculpar” com a humorista. Como se estivesse em uma cena roteirizada e transformando o caso em uma piada, Melhem ficou seguindo a humorista, que rodeava uma mesa. “Eu não tenho culpa do que aconteceu! Quem mandou você estar muito gostosa?”.

Depois do episódio, e de outras situações desagradáveis, Dani procurou o compliance da empresa e o Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), que então conversou com Melhem e sugeriu que o humorista fizesse terapia. Segundo a reportagem, a decisão pareceu para Calabresa como se ele estivesse ganhando um presente pelo seu ato. 

Entretanto, após seguir com as denúncias, a coragem de Calabresa inspirou outras mulheres. Pelo menos outras cinco mulheres denunciaram o humorista. Após outras reuniões, a Globo anunciou a saída de Melhem, mas não mencionou o assédio e encarou a situação como “um acordo em comum”, decisão que chateou os envolvidos, entre denunciantes, testemunhas e amigos. 

Seguindo paralelos similares com o caso #MeToo, nos Estados Unidos, em que atrizes denunciaram assédio do produtor Harvey Weinstein - setenciado a 23 anos de prisão -, o caso foi ganhando novas proporções, principalmente após a entrevista da advogada Mayra Cotta para a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

A Globo já havia passado por uma situação similar após a figurinista Susllem Tonani denunciar o ator José Mayer de assédio durante a novela “A Lei do Amor”, em 2017, mesmo ano do movimento #MeToo. O caso foi parar no Jornal Nacional, mas até Tonani transformar o caso em público, a Globo não havia tomado uma conduta assertiva. 

“Acreditamos que ainda há duas dimensões dos avanços que precisam acontecer: reparação e responsabilização. Estamos acompanhando o tanto que as empresas em geral ainda estão errando na forma como lidam com casos de assédio sexual. Demitir o abusador e fingir que nada aconteceu não adianta”, disse a advogada Mayra Cotta, em entrevista para a Piauí.

O caso, ainda em aberto, segue com mudanças. Monica Albuquerque, chefe do DAA , diretório apontado como um dos maiores silenciadores do caso, se demitiu depois do fechamento da reportagem. Calabresa não chegou a comentar o caso diretamente em suas redes sociais e Melhem, no dia 24 de outubro, após a entrevista da advogada Mayra Cotta, publicou uma série de tweets explicando "o seu lado" da versão e falando que pretende assumir seus erros. Entretanto, o ator pediu "verdade" nos fatos e, desde entao, não tem se pronunciado publicamente. 

Repercursão

Dani Calabresa já recebeu diversas mensagens de apoios de artistas e outros humoristas nas redes sociais, entre nomes como Maurício Meireles, Danilo Gentili e Fábio Raboin.  

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