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Major Olímpio: "Bolsonaro está comprando os partidos para não ter votação pelo impeachment"


Foto: Divulgação

O senador Major Olímpio (PSC-SP) não esconde de ninguém sua desilusão com a política brasileira e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem faz sérias acusações. “Bolsonaro está comprando os partidos para não ter votação pelo impeachment. Eu desisti de futuro político. Me desencantei com a política. Essa decepção que estou sentindo hoje vai ser a do povo brasileiro. É questão de tempo. Eu nunca pude supor esse negócio do Queiroz. Ele era o diretor financeiro de uma holding familiar dos Bolsonaro. Basta o Queiroz abrir a boca e o Brasil vai ficar abismado com as coisas. Foi a decepção das decepções. Estou pouco me lixando se vão aumentar ou diminuir os ataques a mim. Minha esperança é que a lei alcance essas pessoas. Vários vão ter o destino em Bangu 8 e não é só o Queiroz. Eu me elegi e devo muito ao Bolsonaro, mas também trabalhei muito por isso e por ele. Não vou me candidatar mais. Quero cumprir meu mandato até 2026 e parar. Eu sonhei demais com essa mudança do Brasil e fui enganado. Me sinto envergonhado. Deixa para lá, porque não é mais para mim. Esse governo não tem projeto de país para nada. Eu sou o sub-relator da reforma tributária, e esse é o governo da 'semana que vem, eu vejo'. Quando vem o projeto da reforma tributária, eu perguntei tantas vezes. Faz um ano e meio que eu ouço: 'semana que vem, eu vejo'. Essa interinidade macabra para a vida das pessoas de um general cumpridor de ordens no Ministério da Saúde para anular a saúde e tentar fazer valer a tese maluca da cloroquina do presidente. São mais de 70 mil mortes, dá vergonha na gente. Assume agora um novo ministro da Educação, mas a gente não tem um projeto para nada. Nem a porcaria das escolas militares, que era para regozijo do presidente, acabou andando”, disse em entrevista à revista Época.

Olímpio também destacou os problemas partidários. “Eu ainda sou o líder do PSL no Senado e preciso deixar a função. Eu me sinto fora do partido. Eu vi o próprio presidente e seus filhos acusarem o partido de ser laranja, enquanto o maior laranja do PSL continua ministro do Turismo. A gente ficou tomando bordoadas esse tempo todo e agora eu vou ver o partido de sorrisos e alegrias dizer que foi tudo sem querer. O presidente saiu do partido arrebentando o Bivar e cada um de nós, fazendo com que a opinião pública pensasse que o partido era um antro de criminosos quando, na verdade, eram os filhos dele, ele mesmo e advogados inescrupulosos que estavam querendo se apoderar do partido por questões financeiras. Me incomoda demais porque é o puro toma-lá-dá-cá nojento. Convenceram o Bolsonaro a ir atrás do Bivar, e ele está buscando o PSL da mesma forma que buscou aproximação com outros partidos recentemente. Se ele esqueceu que ele se comprometeu na campanha, eu não esqueci. Eu sei que tem no partido deputados que estão como cadela no cio puxando o saco dia inteiro de ministros e do presidente tentando gerar essa aproximação. Tem, sim, um monte de gata fogueteira correndo atrás de verba e cargo”, afirmou.

Para o senador, a coragem é fundamental. “Vou enfrentar isso como sempre fiz. Na polícia, eu enfrentava bandidos com armas. Na política, eu enfrento bandidos e quadrilhas, gabinete do ódio, gente usando máquina pública. Pela conveniência, era simplesmente ter abaixado a cabeça para o presidente Bolsonaro e ficado quieto. Eu não tenho preço. Tenho valores e esses eu vou preservar”, destacou.

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