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"Estilo de vida: Endurance", por Breno Leal


Abebe Bikila vence a maratona olímpica de 1960? (Foto: Reprodução)

Os esportes que envolvem longa duração são fascinantes. Especialmente, quando vemos pessoas evoluindo positivamente de situações extremas como depressão, obesidade, problemas cardíacos e sedentarismo. 

Apesar de ter comprovada a sua eficácia, os efeitos positivos esperados acabam se tornando uma meta garantida. No entanto, devemos ficar atentos às necessidades de cada caso, adaptando as formas de colocar o endurance como estilo de vida. 

Uma preocupação comum entre quem está iniciando é se tem o perfil adequado. A mentalidade ideal não existe para o atleta de endurance, tampouco o esporte de endurance ideal. Conheci formas de encarar o esporte que se igualam com todas as outras que não estão envolvidas nele. O que existe, de fato, é a forma ideal de praticar. 

As suas cargas e intensidades ficam em limites muito mais próximos de suas capacidades do que você pode imaginar. São progressões e estímulos que estão dentro de todos nós, que podemos explorar sem ser grandes atletas de elite. Existe uma medida ideal para cada um.

O endurance, como toda atividade física, depende de um progresso gradativo, que estará conectado com a consistência. Para adquirir a consistência, o praticante deve ir além de estar presente em todas as sessões de treino ou cumprindo tudo que se planeja. Alguns imprevistos, ligados ou não à prática, podem surgir como lesões, doenças, compromissos profissionais, problemas financeiros ou familiares. A vida continuará apresentando os seus problemas.

Portanto, essa medida ideal vai precisar de um cuidado por parte de quem pratica e de quem acompanha, tanto o profissional do esporte quanto os outros profissionais envolvidos e acrescento ainda mais a rede "leiga" de apoio composta por amigos e familiares devem compreender dentro do possível de sua área de atuação.

Ao entrar numa atividade de longa distância, podemos apostar todas as nossas fichas na melhora dos quadros clínicos que apresentamos. Mas também temos que observar os efeitos que a fadiga de exercícios extenuantes pode trazer. O esgotamento físico e mental pode acontecer e a atividade ser mais um adicional do que estamos tratando. A linha é tênue mesmo e muitas vezes somos incapazes de ter esse auto-conhecimento para admitir.

O fascínio pelos esportes de endurance está muito atrelado aos "momentos finais", como atingir as metas dos esportes (uma maratona ou um Ironman, por exemplo) ou a melhora na saúde. O desafio na sua prática é compreender que nem tudo será composto por recordes, vitórias e perfeição. Cada dia será um dia para pôr dúvidas e respostas para tudo que você é. Acredito, sinceramente, que o esporte de longa distância é um estilo de vida.

Adotar um estilo de vida a partir do seu início tem as suas dificuldades. Seu corpo não vai compreender nos primeiros dias, sua cabeça também vai precisar se adaptar aos treinos e, além disso, não posso desprezar as pessoas que lhe conheciam antes e depois do início na "longa duração". 

Mas sempre lembre que adotando-o dentro da sua medida, sendo assertivo aos desafios e tendo atenção nas suas limitações, a recompensa final é saborosa.    

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"Foram necessários um milhão de soldados italianos para invadir a Etiópia, mas apenas um soldado etíope para conquistar Roma", assim disse Abebe Bikila, vencedor da maratona nos Jogos Olímpicos de 1960. Descalço, por decisão própria, uma vez que os tênis que lhe foram oferecidos não lhe cabiam e não lhe trariam conforto. A sua ida aos Jogos se deveu a uma lesão de última hora do atleta etíope escalado para a prova. Com uma estratégia ousada, o seu ataque aconteceu a um quilômetro e meio da chegada, logo após a passagem do obelisco de Axum retirado da Etiópia pelas tropas italianas. Com vitória repetida nas Olimpíadas de 1964, em Tóquio, Bikila tornou-se uma dessas pessoas que inspiram um povo, uma nação e mesmo todo mundo a entender o papel do esporte na vida.

Por Breno Leal
@brenoleallima

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