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Médico especializado em Transplante Capilar, Davi Pontes tem foco na autoestima de seus paciente

O doutor Davi Pontes conversou com a Frisson sobre suas projeções para o crescimento de seu centro hospitalar e tirou dúvidas sobre o procedimento

Foto: Lino Vieira


Especializado em transplante capilar, Davi Pontes chegou a vender acarajé em Alagoas para conseguir se manter no estado para terminar a faculdade. Conhecido por sua trajetória de estudos, que incluem cursos na Europa, o médico já possui uma clínica, como também um portfólio de clientes que incluem Wesley Safadão e Léo Santana.

O doutor Davi Pontes conversou com a Frisson sobre suas projeções para o crescimento de seu centro hospitalar e tirou dúvidas sobre o procedimento, que inclui não só um preparo físico, mas também psicológico, envolvendo autoestima e cuidados com a saúde mental. Confira a entrevista: 

Frisson: Pode falar sobre sua trajetória na medicina? Quando decidiu que queria ser médico, onde fez faculdade…

Davi Pontes: Iniciei a faculdade nos anos 2000. Senti a necessidade de prestar um acolhimento e orientação, pois quando um parente próximo adoecia, ficávamos muito alheios ao conhecimento limitado, de quais profissionais procurar, de quando e pra quem encaminhar… Em 1998, quando prestei o primeiro vestibular, eram poucas vagas e os estudantes cearenses se destacavam nas provas em vários estados. Realizei alguns vestibulares no Brasil e passei em Alagoas, na universidade Estadual, e em outras duas universidades do Pará. 

Frisson: O senhor teve dificuldades financeiras no início da faculdade. Pode nos contar? Como conseguiu contorná-las? 

Davi Pontes: Com eu estava em outro estado, tinha questão de deslocamento, alimentação, moradia… A faculdade era turno integral, então boa parte do tempo eu tinha que me dedicar à faculdade, comprar livros… Acaba que, devido à distância e a toda essa logística, o dinheiro não era suficiente para meu pai. Funcionário público, engenheiro, e minha mãe professora, já tinham dois filhos fazendo faculdade particular, então sobrava muito pouco para repassar para mim. Então eu dava aula particular e cheguei a fazer alguns estágio. Dava plantão como estudante em clubes, porque tinha que ter um estudante ou um médico, caso acontecesse alguma coisa. Então, eu dava plantões de estudante e dava plantão nas emergências, fazendo triagem de pacientes, dava aula particular e, em determinado momento, eu senti a necessidade de complementar ainda mais a renda pra poder comprar livros, porque eu só usava xerox. Eu comprei um carrinho de acarajé Eu morava próximo à praia. Tinha uma funcionária que trabalhava comigo, e a gente fazia a venda tanto em aniversários, festas quanto na própria orla da cidade. E isso complementava tanto a renda para mim quanto para ela. Foi a dificuldade financeira que eu tive que me ajudou muito, me fez crescer. 

Frisson: Por que cirurgia plástica? E por que se especializar em implante capilar? 

Davi Pontes: Eu decidi fazer cirurgia plástica porque, na época da cirurgia geral, eu fiz algumas especializações no Instituto Nacional do Câncer e reconstrução de face e de membros após ressecção de tumores. Então, inicialmente, minha ideia era fazer a cirurgia para fazer endoscopia ou alguma área afim. Mas então eu mudei quando eu vi em alguns cursos que eu fiz nos estágios um cirurgião plástico reconstruindo defeitos anatômicos e sequelas gravíssimas deixadas por mutilações pela recepção de câncer de mama, mutilações pela ressecção de tumores de face, câncer de pele, e isso me motivou a fazer esse curso no Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. 

E também fiz um curso de melanoma na Escola Paulista de Medicina na Vila Mariana, em São Paulo, onde fiz também um curso de rinoplastia. Foi aí que vi que gostei também da parte estética da rinoplastia, e isso foi me envolvendo mais na parte estética. Vi que o transplante capilar ainda estava muito incipiente, isso há 25 anos. Vi que havia uma carência muito grande de profissionais, e de bons profissionais, ao passo que havia quantidade muito grande de pacientes necessitando de serviços, devido a acidentes por queimaduras, por agressões, automobilísticos etc. Como não tinha ninguém habilitado para fazer a reconstrução do couro cabeludo, esse paciente tinha que conviver com as mutilações pro resto da vida. Então isso me motivou a fazer a parte de transplante capilar porque eu via casos e a pessoa tinha que usar uma peruca, algo do gênero. Muitas vezes, o paciente não se sentia realizado em usar uma peruca, porque ele queria voltar a próximo do que ele era anteriormente ao acidente.

Frisson: Como foi sua trajetória acadêmica, onde estudou, sua participação em sociedades, experiências internacionais? 

Davi Pontes: Eu fiz residência de cirurgia plástica, residência de cirurgia geral e fiz uma especialização na minha área de atuação. Prestei concurso para título de especialista na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e, com esse título, fui batalhar pela minha subespecialização, que é a área de atuação em transplante capilar. Fiz na Flórida, nos EUA, inicialmente, em 2006. Hoje evoluiu bastante as técnicas minimamente invasivas. Foram mais de quatro cursos em Orlando, cursos também na Europa, alguns em Portugal, outros na Espanha e outros na França. Teve também um cursinho em Atenas, na Grécia. Todos me ajudaram também com minha formação profissional, tentando entregar para meus pacientes o que há de melhor e mais moderno em termos não só de equipamentos, mas de desenvolvimento técnico. 

Frisson: Há uma diferença entre implante e transplante capilar, certo? Pode esclarecê-la? Qual é o mais procurado por seus pacientes? 

Davi Pontes: Na verdade, a terminologia correta é transplante capilar. A questão é que as pessoas confundem o termo e sempre procuram por implante capilar. O implante capilar, na verdade, é a prótese, a peruca. Então a terminologia certa é transplante capilar homólogo, para ser ainda mais específico, porque é de uma região do seu próprio corpo pra você mesmo, não necessitando de imunossupressores para manter o tecido transplantado, porque o transplante é do seu próprio DNA. Assim como o transplante de gordura, ósseos e de pele. Não necessitam de uso de imunossupressores. Muita gente pergunta por que eu não posso usar o cabelo de outra pessoa? Porque não compensa você usar um imunossupressor, com risco de você ter uma infecção ou a doença autoimune devido ao uso crônico do imunossupressor, para se ter um cabelo doado por outra pessoa. Então o terminologia correta é transplante capilar homólogo

Frisson: O implante capilar mexe diretamente com a autoestima do paciente. Como o senhor trabalha essas questões psicológicas na sua atuação? E como garantir que esse desejo, muitas vezes estético, esteja de acordo com a ética médica? 

Davi Pontes: Hoje em dia muita gente toma medicação para ansiedade, para depressão, para transtornos bipolares… E isso influencia muito a queda de cabelo.  São pessoas que não dormem bem, que não se alimentam bem, que não têm uma relação muito boa com o corpo e com a autoestima. São pessoas que a gente tem que avaliar psicologicamente. Quando o problema é muito sério, a gente pede um parecer do profissional que prescreve a medicação, ou quando não existe medicação, a gente pede um parecer de um psicólogo ou de um psiquiatra para saber se aquela pessoa realmente está apta para realizar o procedimento. Mas sempre converso com o paciente, para saber qual é o grau de expectativa para que ele não gere expectativas além do que realmente pode ser alcançado com a técnica proposta e com a quantidade diária doadora que o paciente dispõe.

Frisson: Para quem é recomendado os procedimentos? Há algum contra indicativo? 

Davi Pontes: A contra indicação são para pacientes que não querem tomar nenhum tipo de vitamina no pós-operatório. São pacientes que têm realmente algum distúrbio de sono, que pode prejudicar o desenvolvimento do cabelo, porque o cabelo depende de um hormônio que produzimos durante o sono, o chamado GH. É um tecido que mais se multiplica no corpo, então o paciente precisa dormir bem, precisa estar bem consigo mesmo, se alimentar bem. Então, se o paciente não tem cuidado com o orgânico, com o bem-estar, o resultado do transplante não vai ser o mais interessante. É Importante que o paciente tenha consciência do seu corpo, da alimentação e do sono, principalmente.

Frisson: O senhor usa a técnica FUE. Do que consiste essa técnica?

Davi Pontes: A técnica Follicular Unit Extraction (FUE) consiste na remoção de unidade por unidade. É movida cada unidade folicular em separado por meio de um aparelhinho, que tem um diâmetro em média de 0,8 milímetros. Então a gente remove o cabelo e ele já vem praticamente pronto para ser implantado na área. Essa técnica diminui a manipulação e possibilita que o paciente tenha uma retorno mais rápido às suas atividades, porque não leva pontos. O edema é mínimo, não tem quase nenhum comprometimento vascular e não tem praticamente nenhum comprometimento nervoso, porque nas camadas mais profundas da derme é que se encontram essas estruturas de maior calibre. 

Cerca de 9,9% das cirurgias que realizamos são com a técnica FUE. Essa técnica é a menos invasiva e que praticamente não deixa cicatrizes aparentes. Como é uma técnica que a profundidade da cicatriz é de apenas três milímetros, o pós-operatório e o trauma cirúrgico são bem menores do que as técnicas anteriores 

Frisson: O senhor também é fundador do Centro de Terapia e Implante Capilar Davi Pontes. Pode contar sua história?

Davi Pontes: Minha equipe já está comigo há quase dezoito anos, então a gente ouve a necessidade de ampliar e aumentar o quadro de colaboradores, devido ao aumento do número de pacientes. Hoje a gente tem quase 30 pessoas trabalhando conosco, desde o marketing, financeiro, contadores… Trouxemos dermatologistas, anestesistas, outros profissionais, outros cirurgiões... Isso pra deixar o nosso paciente o mais confortável possível. Hoje, a gente está caminhando para um complexo lift de saúde, estamos nos transformando num hospital. Em pouco tempo, estaremos inaugurando nosso centro cirúrgico e nossa recepção mais ampla, para agregar diversos serviços, em um prédio de 3.500m². Isso deixa o paciente bem mais confortável de vir de outros países, outros estados, outras cidades para realizar o procedimento conosco

Frisson: O senhor é presente nas redes sociais, falando de seu trabalho e tirando dúvidas de possíveis pacientes. Como seu Instagram e YouTube viraram extensão de seu trabalho? E como eles ajudam na sua profissão? 

Davi Pontes: As redes sociais permitem que a gente consiga informar melhor o paciente e fazer com que ele saiba escolher melhor tanto o profissional, quanto a técnica. Também ajudamos a mostrar qual o melhor momento para realizar a cirurgia, já que é um procedimento que precisa realmente de alguns dias repouso, pelo menos cinco dias… As  redes ajudam bastante a dar um conforto pro paciente, a fazer com que ele se sinta seguro, como também a ter um primeiro contato com o profissional. As redes sociais ajudam a dar uma capilaridade muito grande no âmbito nacional e internacional. Isso nos trouxe uma maior visibilidade, aumentando o número de pacientes de outros países, até de outros continentes. Acaba que os pacientes também trazem questionamentos, que a gente pesquisa e responde. 

Frisson: Você já atendeu artistas e outras personalidades. Pode falar sobre alguns dos nomes? 

Davi Pontes: Já atendemos Xand Avião, Wesley Safadão, Léo Santana, Kadu Moliterno, Sidney Sampaio, Dorgival Dantas, o ex-BBB Eliezer... Então, são alguns dos nossos pacientes com visibilidade nacional.

Frisson: Quais seus planos para 2023?

Davi Pontes: Vamos nos tornar a maior estrutura de estética do Estado, quem sabe até da região, ampliando e trazendo o que há de mais moderno em termos de tecnologia hospitalar, em termos de segurança, deixando os nossos pacientes o mais confortável possível. Também vamos trazer técnicas e equipamentos que não foram trazidos ainda pra nossa região, que existem apenas em outros centros internacionais, para que o nosso paciente tenha acesso a tudo que é possível em termos de recuperação, em termos de tecnologia, para que a gente consiga melhorar os nossos resultados e diminuir o tempo de recuperação dos pacientes. 

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