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Dono do Paris 6, Ângelo Oliva destaca coragem e paixão para investir em novos empreendimentos

Hoje, dono do Paris 6, o empresário conversou com a Frisson sobre sua trajetória no Ceará, que inclui a implantação da loja Hering na Capital e criação de centro esportivo de inclusão social

Foto: Lino Vieira

Da Fórmula 1 para centro de esportes e inclusão social, e de lojas de roupa para o ramo de restaurantes. A vida do empresário paulista Ângelo Oliva, residente no Ceará há mais de 20 anos, foi marcada pela ousadia e pela coragem no empresariado. Transitando por diferentes áreas, o engenheiro coleciona em seu currículo uma vasta experiência. 

Hoje, dono do Paris 6, o empresário conversou com a Frisson sobre sua trajetória no Ceará, que inclui a implantação da loja Hering na Capital e a fundação do Centro de Treinamento e Esporte do Nordeste (Ceten), que tinha como objetivo capacitar jovens de classe baixa a partir do esporte. Dentre esse e outro motivos, recebeu o título de Cidadão de Fortaleza em 2019. 

Confira a entrevista completa: 

Frisson: O senhor vem de família humilde, de São Paulo. Pode nos contar um pouco sobre a sua infância? 

Ângelo Oliva: Minha infância foi como a de todos os outros de 70 anos atrás. Ser pobre, morar em vila e estudar em escola simples, no qual você senta num banco sem encosto, ajoelha no chão para escrever. Mas meus pais, pedreiro e empregada doméstica, foi com muita luta que me criaram. Tive sorte de ter uma infância muito boa, empinava pipa, rodava pião, bolinha de gude, futebol na rua, nadar no ribeirão, andar de carrinho de rolimã, de bicicleta… Foi uma infância humilde, mas muito divertida, muito gostosa. Tenho saudade da minha infância.  Sempre existiu o rico e o pobre, mas na minha época, o pobre ficava encantando com as coisas do rico, e o rico olhava pro pobre, que era um lutador. Hoje o pobre tem inveja do rico e o rico humilha o pobre. Mudou muito nesses 70 anos. 

Frisson: Apesar de tudo, você conquistou sua ida à faculdade. Houve desafios ou contratempos nessa parte da sua trajetória? 

Ângelo Oliva: Foi muito difícil. Na minha época, você fazia primário, quinto ano, ginásio, científico, vestibular e faculdade. Tive a felicidade de fazer faculdade do Estado, na USP, e, consequentemente, pude concluir o curso sem meus pais apostar financeiramente. Precisei de passe de ônibus, livros e cadernos… Tive um emprego extra. Foi batalhada, mas alcancei o meu objetivo. 

Frisson: O que te trouxe ao Ceará? 

Ângelo Oliva: Desde a época de 1980, sempre tive um foco, um amor pelo Ceará. Foi quando eu conseguia fazer um trabalho na Europa e a companhia aérea fazia escala aqui para ir para a Europa. Aí eu, ou na ida ou na volta, sempre ficava um ou dois dias. Vim pela paixão, pelas praias, pelo povo alegre. A gente via que aqui tinha muita coisa para fazer, para crescer, desenvolver. Quem vivia em grandes metrópoles, como São Paulo e Rio, achava que o Ceará poderia me proporcionar novos negócios. Tinha espaço de sobra. Por isso optei em vir para cá. 

Frisson: Além do já tradicional Paris 6, você possui outros empreendimentos em Fortaleza. Um deles é o Centro de Treinamento e Esporte do Nordeste. Pode falar sobre seu envolvimento pela inclusão do esporte? 

Ângelo Oliva: Eu mexia antes com Kart, com miniatura de carro de corrida, e eu trabalhava com pneus em uma indústria. Com isso, eu trabalhei na base do automobilismo, onde as crianças aprendem a pilotar, crescem, fazem algum monoposto menor. E assim como no futebol, começava o dente de leite e [a criança] quer ser um profissional. E no kart era igual. A criança tinha que fazer todo o caminho do kart para depois Fórmula 3, Fórmula 2 e depois Fórmula 1. A partir daí, eu vim para Fortaleza. Chegando aqui, eu percebi que tinha algumas dificuldades. Então meu primeiro empreendimento foi montar uma rede de lojas. Eu montei as Lojas Hering - a dos peixinhos - e montei em todos os shoppings da Cidade. Cheguei a ter seis ou sete lojas. 

E depois de um tempo, vendo tantas crianças nas esquinas, necessitando de ajuda, eu optei em fazer uma inclusão social. Com ajuda do prefeito de Itaitinga e com assessoria de outras pessoas, montamos um centro de treinamento na cidade de Itaitinga. Ao fazer isso, tínhamos o intuito de fazer uma inclusão social, buscando recursos com algumas empresas e aportando também nossos recursos. E ali, nós selecionamos garotos que iam para ter uma profissão. E os que não conseguiam, nós estávamos tranquilos porque estávamos formando um cidadão. Dávamos alimentação, transporte, psicólogo, livros, ajuda de custo… Mantínhamos essa criança para eles estudarem e aprenderem a sua habilidade no futebol. Foi uma época muito feliz. Por isso eu acabei me envolvendo também com esporte.  

Frisson: Em 2019, você então começou o desafio de abrir o primeiro Paris 6 do Ceará. É sua primeira vez no ramo de restaurante? E como foi o processo de comunicação entre o senhor e a marca Paris 6? 

Ângelo Oliva: Em 2019, a gente tentou um novo desafio, que era abrir o Paris 6. Mas se vocês analisarem, fazendo um resumo, a minha vida é de ciclos. E 2019 não foi diferente. Cedi o meu centro de treinamento para o Esporte Clube Ceará, e eu precisava fazer alguma outra coisa, e foi quando eu parti para o projeto Paris 6. É interessante que realmente eu nunca fui cozinheiro. Minha experiência com cozinha era quando, nos campeonatos automobilísticos, fazia aquela grande tenda e eu ajudava nas cozinhas. Então eu aprendi comida de todos os países. E eu achei que com a crise que o Brasil vinha sofrendo, se eu fosse fazer um novo empreendimento, ia ser no ramo da alimentação ou assessoria. 

Para abrir o Paris 6, eu dei um tiro como investidor. Eu comprei uma licença e demorei alguns meses para saber se eu ia ou não abrir o restaurante. A minha intenção era repassar a licença e nem me envolver, porque minha experiência não era tão grande. Então achei por bem criar um piloto. Montei então um restaurante no Beach Park, grande, mas com poucos clientes. E lá eu aprendi o que era uma gestão de restaurante, trabalhar com funcionários de um restaurante. Então o mais difícil, saber como comprar os produtos, como armazenar, criar uma câmara frigorífica, como preparar… Isso foi mais ou menos 8 meses de atividade, até que achei que estava pronto. Então eu decidi abrir o Paris 6. 

Hoje eu sou um faz tudo. Eu mexo com ar condicionado, mexo com a coifa, dou palpite na comida, sou recepcionista, gerente de salão, um comprador. Hoje, para mim, é um divertimento. Assim eu recebo os amigos, sento na mesa, converso, acato opiniões. E adoro, e vou dizer, tudo que você faz na vida, se você não tem um carinho pelo que faz, as coisas serão um fracasso lá na frente. E tudo que eu fiz na vida foi com amor, carinho e dedicação. 

Frisson: Hering, Paris 6… O que te atrai em cada empreendimento que faz com que o senhor invista nele? 

Ângelo Oliva: Eu sou um homem de ciclos. Enquanto aquele ciclo do empreendimento está dando certo, eu estou pronto, se aqueles anos estão dando retorno, eu tô de olho em outro empreendimento. Então eu deixo aquele e parto para outro. O que me atrai é ter uma boa visão, saber que aquilo vai dar certo, você estar bem assessorado, se é um segmento que você tem espaço para desenvolvê-lo. Tanto é que eu não tenho o mesmo segmento, eles são todos muito diferentes um do outro. Você sai da engenharia, se torna um borracheiro, e daqui a pouco você é da assessoria automobilística, tem lojas de roupa, cria uma inclusão social, pensando em formar atletas. Aí daqui a pouco você volta e vai ser um dono de restaurante… Mas isso tudo é muito bem pensado. É dessa forma que eu invisto nos meus empreendimentos. Mas sempre eu me atiro de cabeça e estou sempre à frente da operação. Você na frente da operação, você vai resolvendo o problema no dia a dia para que ele tenha sucesso lá na frente. 

Frisson: Quais características suas o senhor acha que se destacam em seus empreendimentos? 

Ângelo Oliva: Acho que, além de tudo, você precisa ter um certo conhecimento, uma pesquisa bem formada, e, a partir daí, arrojo, coragem e dedicação. E bastante amor, naquilo que você faz, não esperando o retorno no dia seguinte. Hoje, em qualquer empreendimento, o seu retorno é três, quatro, cinco anos. Por isso que eu faço o meu ciclo de seis em seis anos. Tem que fazer bem, esperar ele maturar, esperar ele dar retorno, uns devagar e outros mais rápidos, e a hora que ele estiver no auge, você passa para o outro, ele funcionando, e arte para uma nova missão, para um novo desafio. É assim que eu encaro os meus empreendimentos. 

Frisson: Você recebeu o título de cidadão de Fortaleza. A que conquistas, ações ou traços acha que foram responsáveis por esse título? 

Ângelo Oliva: Quando eu recebi o título de cidadão fortalezense, eu fiquei muito feliz, mas essa conquista foi feita com muito suor. Quase 20 anos na cidade, com as empresas que eu montei, com os empregos que eu consegui passar para tantas pessoas, com impostos, com desenvolvimentos, com reuniões, com auxílios em vários segmentos… Eu fui reconhecido como uma pessoa para se tornar um cidadão de Fortaleza. Eu acredito que a Câmara, ao constatar meu currículo, me credenciou, e eu fiquei muito feliz em receber esse título. E sou feliz, não só por ser um cidadão fortalezense, mas também por tantos e tantos amigos que conquistamos nessa cidade maravilhosa. 

Frisson: Há algum novo empreendimento, segmento ou área que ainda deseja investir nos próximos anos? 

Ângelo Oliva: Lógico que eu tenho. Eu já venho analisando outros empreendimentos, mas, com essa fase da pandemia e muitas incertezas, eu estou aguardando. Mas, em breve, eu devo fazer algum outro investimento sim, e espero que dê certo como os demais. Mas estou sempre procurando novas alternativas. Estou sempre procurando mudar o meu ciclo. 

Frisson: Acredita que houve algum momento ou aprendizagem que foi determinante para fazê-lo o empreendedor que é hoje? 

Ângelo Oliva: Houve algum momento para eu me tornar um empreendedor. Isso daí já vem desde criança. Eu me lembro que, quando moleque, na vila em que morava, não tinha ninguém que recolhesse lixo. Eu pegava aqueles carrinhos de pedreiros e falava para as vizinhas que ia jogar o lixo delas no lixão. Tinha 10 latas de lixo de cada uma, não existia saco plástico na época. Eu ganhava uns trocados, não deixava de ser um empreendimento. Resolvi vender pimenta e cheiro verde na feira, era um outro empreendimento. Desde moleque, sempre me atentei a fazer coisas diferentes, como cortinas de plásticos… Vendia galinha na feira, vendia coelho, sempre vendo o que melhor me adaptava. Sempre tive vontade de fazer algo. Lógico que hoje, com tantas experiências, a gente tá sempre procurando coisas novas. Como eu sempre digo, é a determinação da pessoa, a vontade de realizar alguma coisa. Precisa estar dentro de você, precisa ter coragem, ser arrojado, precisa enxergar que o início é difícil, o meio dá um equilíbrio e que, mais lá na frente, vem um retorno do seu empreendimento. Se você tiver certeza disso, é fechar os olhos e tocar em frente. Então, se existe algo determinante, é o arrojo e a coragem. 

Frisson: Quais são seus objetivos pessoais e profissionais para 2022? 

Ângelo Oliva: Em primeiro lugar, é a gente manter a saúde, o físico e o mental em dia para que você possa estar preparado para novos desafios. Mas como ainda é um ano que nós estamos nos recuperando de uma pandemia, existem muitas incertezas, e eu acredito que, apesar de ter alguns projetos, eu vou aguardar com muita calma. Vou manter o que eu tenho, ver se continua crescendo, vou mantê-los para que continuem me dando alegria e satisfação e aguardar o momento certo. Ainda considero esse ano muito incerto, tanto na vida profissional quanto até mesmo em novos projetos. Aproveitando, deixo aqui meu abraço e atenção de todos, e que coragem e determinação, amor em tudo que você faz.

 

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