HOME Notícias
Ator cearense, Silvero Pereira não acredita na arte sem cunho político-social; confira entrevista

Crescendo em uma casa cercada por música, pela influência de seu pai, Silvero iniciou o teatro aos 17 anos e, dessa paixão, viu a possibilidade de ascender profissionalmente

Foto: Divulgação

Silvero Pereira pode ter chegado a ser reconhecido nacionalmente após participar da novela "A Força do Querer", de Gloria Perez, mas a arte e a inspiração já fazem parte de sua vida desde criança. Crescendo em uma casa cercada por música, pela influência de seu pai, Silvero iniciou o teatro aos 17 anos e, dessa paixão, viu a possibilidade de ascender profissionalmente. A revelação se mostrou consistente, já que hoje o ator ingressa o grupo dos atores cearenses mais conhecidos no País. 

Já conhecido por ser um dos fundadores do Coletivo As Travestidas, o ator passou, desde então, por outros papeis, como o personagem Lunga, em "Bacurau" (2019), e como um personagem de "9 Suspeitos", nova série brasileira da Netflix em fase de pós-produção. O ator conversou com a Frisson sobre seus planos para 2022, sua trajetórias artística e seu pensamento sobre a relação entre a arte e a política. Confira a entrevista: 

Frisson: Silvero, você é cantor, ator, diretor… Como foi a sua história dentro das artes e quando foi que começou a ser artista por profissão?

Silvero Pereira: Desde pequeno meu pai foi o responsável por introduzir as artes na minha casa. Ele, um amante da música, fazia questão de sempre ter uma radiola e ouvir figuras como Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga e Reginaldo Rossi. Cresci com essa experiência e sempre tive vontade de cantar. Entretanto, quando chegou a televisão em nossa casa fui ficando encantado com as novelas e filmes e fazia a reprodução do que via como brincadeira. Foi somente quando cheguei em Fortaleza, e aos 17 anos, que ingressei na aulas de teatro e vi a possibilidade de transformar essa experiência em algo profissional. Assim, fui sendo convidado para diversos grupos de teatro da cidade e em seguida entrando para faculdade de artes cênicas. 

Frisson: Você também tem uma grande história no teatro. O que há no teatro que te atrai? Pode compartilhar algumas peças nas quais participou? 

Silvero Pereira: O teatro me salvou de todas as adversidades que enfrentei, seja social ou financeira. Encontrei na arte um ambiente permissivo, sem julgamentos e que me dava autoridade para realizar meus desejos pessoais e profissionais. São mais de 30 espetáculos, dentre eles: Filé Com Fritas ao Vinagrete , Metrópole, Uma Flor de Dama, O Mistério da Cascata, A Semente e BR-TRANS.

Frisson: Você disse em uma entrevista que, na transição do teatro para a TV e o cinema, sentiu medo de mostrar uma “caricatura” do Silvero. Como trabalhou contra isso? Esse medo ainda é recorrente? 

Silvero Pereira: São espaços de diferentes formas de atuação, mas possuem a mesma base. Para quem sai do teatro sempre escuta que somos caricatos, exagerados demais e outras bobagens. Mas não é nada disso, fui aprendendo que é sobre verdade e técnica. Cada arte tem sua especificidade e com o tempo e dedicação você vai se moldando . Porém, pra isso , é necessário ser um artista comprometido com seu ofício e disposto a aprender.

Frisson: Você também é um dos principais nomes no coletivo As Travestidas. Pode explicar melhor sobre os propósitos do coletivo? 

Silvero Pereira: O Coletivo Artístico As Travestidas foi criado no intuito de contribuir para redução do preconceito sobre temas da comunidade LHBTQIA+ na cidade de Fortaleza e no Ceará, bem como provocar e questionar a sociedade e as políticas públicas em ações capazes de re-educar e construir novas perspectivas. Trata-se de um Coletivo de artistas de diversas áreas: música, teatro, audiovisual, designer e muito mais. Os integrantes são 100% lGBTQIA+ e todas as atividades são pensadas de forma artística e social.

Frisson: Raimundo foi um dos personagens que mais alavancou a sua carreira como ator e fez com que você fosse indicado a “Melhor Ator Revelação”, nos Melhores do Ano. 

Silvero Pereira: Na verdade a personagem é Elis Miranda e ela tinha que fingir ser o Raimundo Nonato por uma questão de preconceito no trabalho. Sou extremamente grato à Glória Perez pela oportunidade de mostrar meu trabalho na TV e mudar minha vida através dessa personagem.

Frisson: Um dos seus principais sucessos recentes foi Bacurau. Como se preparou para o personagem Lunga e como você descreve a experiência de tê-lo interpretado? 

Silvero Pereira: Lunga foi um processo muito imersivo da personagem. Lembro de sempre estar muito concentrado no SET para vivê-la . Ela é uma figura carregada de significados obscuros que dentro da trama não consegue expor exatamente por não ser uma obra sobre uma personagem, afinal Bacurau é sobre uma comunidade. Entretanto, o estudo das entrelinhas e sobre a história que precede Lunga na trama foram fundamentais para a força que ela carrega quando aparece. 

Frisson: Você vai estrelar uma série da Netflix - que ainda não tem um nome definido, certo? Pode explicar um pouco sobre a trama e seu personagem? 

Silvero Pereira: É minha primeira experiência no streaming e numa série. Trata-se de uma comédia policial e investigativa com estreia prevista para 2022. Ainda não posso dar detalhes sobre a personagem, mas com certeza será uma figura bem divertida para o público. 

Frisson: Sua carreira também é marcada por vários posicionamentos de cunho político. Como você tem usado a arte para isso? 

Silvero Pereira: Nunca vi a arte sem questão político-social. Fui levado a ela extremamente por esse viés e é nele que sustento minha permanência, desejo de trabalhar. Não esperem do artista Silvero algo raso, sempre terá um posicionamento. 

Frisson: Qual considera que tenha sido o maior desafio de sua carreira? 

Silvero Pereira: Acredito que o maior desafio, no momento, seja corresponder às expectativas daquilo que o público ou o mercado de trabalho esperam do Silvero. Sou muito criterioso e dedicado ao meu ofício, gosto de fazer bem e que chegue nas pessoas com verdade e carinho. 

Frisson: Dentro da arte, quais são seus próximos planos? Já é possível compartilhar conosco algo de 2022? 

Silvero Pereira: Atualmente estou começando a gravar PANTANAL na Globo. Tem ainda a estreia do filme Me Tira da Mira da Cléo , estou escalado para viver o Clodovil numa série de streaming e em processo de um novo espetáculo musical para 2023.

 

PUBLICIDADE