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Fundador de biblioteca no Curió, Talles Azigon é dono de editora e tem relação forte com literatura

Azigon conversou com a Frisson sobre sua trajetória e projetos. Confira a entrevista

Foto: Lino Vieira

Articulador cultural, escritor, co-fundador da editora Substânsia e fundador da Biblioteca Comunitária Livro Livre Curió, o cearense Talles Azigon já tem uma relação antiga com a literatura e com as outras artes. Com influência direta e indireta da família, foi se encontrando na cultura, criando laços com artistas cearenses e, mais importante, foi se descobrindo um verdadeiro contador de histórias.

Azigon conversou com a Frisson sobre sua trajetória e projetos. Confira a entrevista:  

Frisson: Pode contar um pouco sobre como você descobriu o livro e a literatura? Tem alguma lembrança marcante? 

Talles Azigon: A resposta para essa pergunta foi mudando para mim durante os anos, pois meu conceito de leitura e de literatura foi se modificando e acredito que hoje ele é bem mais real e tem muito mais a ver com minha vida e minha trajetória, então, no meu eu do passado eu diria que minhas primeiras experiências com a leitura partiram dos livros que recebi de um familiar ou dos textos que tinha acesso através do livro didático, contudo, entendo que minhas primeiras experiências com a leitura e a literatura partiram da minha convivência com a minha vó e com o bar que ela tinha. Minha avó contava as histórias de todo mundo do bairro, os causo fantásticos que acredito ser muito mais invenção da imaginação fantástica que ela tinha do que realmente da realidade, já o bar me proporcionava doses diárias de música brasileira diversa. 

Frisson: Qual a história do Livro Livre Curió? Quais outras atividades existem na biblioteca, além da possibilidade da locação? 

Talles Azigon: A história da Livro Livre Curió Biblioteca Comunitária é a história do meu desejo infantil de possuir livros e viver dentro de uma realidade que eu jamais pude ter acesso. Uma realidade em que nós, filhas de trabalhadoras pobres das periferias, tinha acesso a toda a magia que eu via em filmes e livros, salas de leituras gigantes com bibliotecas vastas e muitas opções de imaginação e diversão. Esse sonho foi comigo durante minha vida e pode um dia se materializar em biblioteca comunitária, primeiro de um modo bem tímido, uma estante na sala da nossa casa que também funcionava como salão de manicure de minha mãe e que com um tempo cresceu tanto que ocupou não apenas mais uma casa que tivemos que alugar como extensão da biblioteca, mas sim toda nossa vida. 

Nossa biblioteca oferece empréstimos livre de livros, jogos, revistas, gibis, proporciona espaço para leitura, estudo e reunião, promove clube de leitura com crianças, adolescentes, jovens e mulheres, faz cineclube, eventos, ações educativas, mobiliza a comunidade e se relaciona com escolas e entidades do bairro e adjacências, 

Frisson: O Livro Livre Curió fez parte de uma campanha por algum projeto da Câmara que apoiasse as bibliotecas comunitárias. O que deu nesse projeto? 

Talles Azigon: Nossa biblioteca na verdade funciona totalmente livre, nossas únicas fontes de renda para sustentar tudo que fazemos é o meu dinheiro e doações de amigas e entusiastas que ajudam através do apoia.se.com/livrolivrecurio. Agora, como somos muito conhecidos, com toda certeza acabamos aparecendo em diversas ações de divulgação de diversos canais de comunicação e instituições. 

Frisson: Você também é co-criador da editora Substânsia. Pode contar a história dela? 

Talles Azigon: A Substânsia é uma editora que tem oito anos de existência e nasceu de um encontro de jovens poetas estudantes do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará. Nosso desejo era aquecer a cena literária cearense, oferecendo publicações que fossem mais bem elaboradas, desde o texto ao objeto gráfico em si. Nesse tempo, já publicamos mais de 80 títulos. 

Frisson: Como está o mercado editorial cearense atualmente? Houve alguma mudança significativa nos últimos anos? 

Talles Azigon: Vivemos uma grande crise sem precedentes, há muita dificuldade em publicar livros impresso hoje porque o poder de compra do brasileiro caiu, e entramos numa era de negacionismo e de culto a ignorância, representado principalmente pelo presidente Bolsonaro

Frisson: Como a editora lidou com a pandemia? 

Talles Azigon: A editora tem passado por um período de crise, que só não foi pior graças à Lei Aldir Blanc. Estamos nos reinventando. 

Frisson: Você hoje é um articulador cultural. Como é sua participação nos eventos culturais da cidade? 

Talles Azigon: Trabalho com gestão cultural desde os 16 anos, tenho 33, então estive envolvido diretamente ou  indiretamente nos principais eventos de livro leitura e literatura da cidade de Fortaleza, eu criei  o Festival da Poesia de Fortaleza, participo do Templo da Poesia, sou curador de diversos eventos e produtor de muitos outros. 

Frisson: É possível encontrar também textos assinados por você. Como é sua relação com a escrita? 

Talles Azigon: Muitos, eu tenho cinco livros publicados (“Três golpes d'água”, “MARoriGINAL”, “Saral”, “Saral 2” e “Saral 3”, mas antes disso meu espaço de escrita sempre foi a internet, os blogs, o insta, o tuiter, só pesquisar meu nome que aparece muita coisa 

Frisson: Há algum projeto previsto para o segundo semestre de 2022? 

Talles Azigon: Atualmente, só a curadoria da Bienal do livro

 

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