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Em entrevista à Frisson, Luiza Trajano fala sobre crise sanitária e expansão do Magazine Luiza

Apesar de se envolver pouco na pauta política, a empresária tem comentado e discutido a situação da pandemia, situações organizacionais e ainda questões sobre a sociedade

Foto: Divulgação

Empresária, fundadora do conglomerado Magazine Luiza, presidente do Grupo Mulheres do Brasil, uma das criadoras do movimento “Unidos pela Vacina” e uma das mulheres mais influentes do mundo, segundo a Forbes. A empresária Luiza Helena Trajano, de 70 anos, pode ser referenciada com diversos títulos, tamanhas são suas conquistas ao longo dos anos.

A empresária fez seu nome principalmente por ser a fundadora da Magazine Luiza, e-commerce que apresentou um crescimento relevante nos últimos anos. Apenas no primeiro trimestre de 2021, a empresa apresentou um aumento de 739,7% no lucro líquido. Por essas e outras, Luiza Trajano também foi eleita em 2021, pelo quarto ano consecutivo, como líder de melhor reputação do Brasil, em pesquisa publicada na Revista Exame pela consultoria espanhola Merco.

Apesar de se envolver pouco na pauta política, a empresária tem comentado e discutido a situação da pandemia, situações organizacionais e ainda questões sobre a sociedade. Luiza Trajano conseguiu um espaço na sua agenda atarefada para responder à entrevista da Frisson - que esperou quase sete meses pela resposta, aguardando pacientemente sua vez - e conversou sobre o crescimento do Magazine Luiza, a pandemia no Brasil e as mudanças da sociedade.

Luiza Trajano não respondeu a duas perguntas feitas pela Frisson: “Como você avalia o combate à pandemia pelo Brasil? E qual país você classificaria como modelo nesse combate?” e “E para além de assuntos de saúde e de pandemia, quais outros temas urgentes também devem ser preocupações do mercado e da sociedade hoje?”. 

Confira a entrevista: 

Frisson: Como a Magazine Luiza reagiu com a chegada da pandemia? Quais foram as primeiras medidas e em que elas resultaram?

Luiza Helena Trajano: Foi um grande choque inicial, mas reagimos rapidamente para, em primeiro lugar, preservar as vidas de nossa equipe e clientes, e depois, para adotar uma estratégia digital que contemplou os pequenos varejistas, com o Parceiro Magalu, que possibilitou, em tempo recorde, a entrada desses lojistas que foram obrigados a fechar suas lojas de uma hora para outra e não tinham nenhuma presença digital. Foi um período muito difícil, mas conseguimos manter todos os empregos e, depois, até ampliar o quadro de colaboradores.

Frisson: O isolamento social e os lockdowns fizeram a Magazine Luiza alavancar no sentido digital. Como esse legado deverá permanecer pós-pandemia?

Luiza Helena Trajano: Sempre acreditamos no modelo integrado entre o físico e o virtual e continuamos acreditando que este modelo, pós-pandemia, será cada vez mais forte, e as empresas que ainda não possuíam uma estratégia digital passaram a repensar sua atuação. Esse legado vai permanecer.

Frisson: Você tem sido uma participante atuante no combate à pandemia. Como enxerga a crise sanitária hoje? 

Luiza Helena Trajano: Estamos saindo dos piores momentos da pandemia graças à vacina. Cuidados ainda precisam ser tomados, mas já podemos ir retomando as atividades. Novas pandemias virão, por isso, é necessário investir cada vez mais em ciência para enfrentarmos futuros desafios com menos consequências.

Frisson: Você falou em uma de suas entrevistas que acredita que a cultura da doação foi uma das mais cultuadas nesse momento de pandemia. Você acredita que a ideia da doação atrapalha ou estimula a melhora das estruturas sociais? 

Luiza Helena Trajano: Quem tem fome tem pressa, a doação é uma necessidade humanitária para dar um direito básico às pessoas. A desigualdade social precisa ser diminuída, com geração de empregos e educação. Enquanto isso não acontece, a doação faz-se necessária.

Frisson: Você é presidente do Grupo Mulheres do Brasil. Como foi a atuação do grupo na pandemia? 

Luiza Helena Trajano: O Grupo Mulheres do Brasil atuou fortemente como mobilizadora do movimento Unidos pela Vacina. No começo do ano, percebemos que era necessário dotar lá na ponta, nas unidades de saúde de cada prefeitura, de equipamentos básicos para que, quando as vacinas chegassem, fossem rapidamente e eficientemente aplicadas. Por isso, mobilizamos empresas, entidades e pessoas físicas para viabilizar um movimento independente que pudesse organizar rapidamente toda a sociedade e agilizar esse processo.

Frisson: O Grupo Mulheres do Brasil iniciou o Unidos pela Vacina. Por que achou que a criação de uma iniciativa independente foi necessária?

Luiza Helena Trajano: Porque a pandemia precisava de ações emergentes, e dotar as prefeituras, onde se aplica a vacina, era necessário. O Unidos pela Vacina conseguiu, sem o poder público colocar nenhum dinheiro, doar mais de 2 milhões de produtos às unidades de saúde em todos os estados do Brasil, de maneira ágil, sem passar nenhum dinheiro pelo movimento. As doações eram feitas diretamente das empresas e pessoas físicas para as prefeituras, com logística planejada e rápida. É um imenso legado que fica, pois esses produtos ficam para o município.

Frisson: Como a sociedade deverá mudar com essa crise mundial? 

Luiza Helena Trajano: É impossível que qualquer pessoa saia desta pandemia igual quando entrou. Acredito que ficaram lições, especialmente as que foram aprendidas de maneira mais triste, como o escancaramento da desigualdade social. Precisamos de ações rápidas e políticas públicas com foco na inclusão e também para desenvolvimento da ciência, já que novas pandemias podem surgir.

Frisson: Você passou pelo Ceará recentemente e até comentou sobre o potencial turístico do estado.

Luiza Helena Trajano: Eu tenho muita relação com o Nordeste todo e, claro, também com o Ceará. Conheço e visito o estado há muito tempo, adoro a região e acredito que o potencial turístico é enorme, e o turismo é uma das principais atividades para geração de emprego e renda.

Frisson: A Magazine Luiza comprou a Kabum e vem expandindo seu império. Que outras propostas de expansão a empresa visa nos próximos meses e para 2022? 

Luiza Helena Trajano: Estamos sempre atentos às mais diversas atividades que complementem o leque de atuação do Magazine Luiza, seja em venda de produtos que temos necessidade de ampliar ou serviços que agregam valor ao nosso ecossistema de vendas.

Frisson: E quais os projetos de 2022 e as metas para você, como indivíduo?

Luiza Helena Trajano: Pretendemos trabalhar um grande estudo liderado pelo Grupo Mulheres do Brasil para traçar um planejamento para o Brasil para as próximas décadas que englobe áreas como emprego, educação, saúde e habitação.

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