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Pediatra e professor de robótica desenvolvem dispositivo para ajudar bebês prematuros a respirar



Foto: Divulgação

A pediatra e neonatologista, dra. Lilianny Pereira, e o professor de robótica do Colégio Paraíso, Rubenho Cunha, estão desenvolvendo um dispositivo para ajudar bebês prematuros a respirar. Idealizado pela médica, o equipamento tem a função de realizar estímulos táteis no corpo de um recém-nascido, visando a prevenção de apneia, que pode ser caracterizada como uma breve parada de respiração.

Segundo Lilianny, é frequente crianças prematuras que nascem antes das 34 semanas de gestação apresentarem apneia. “É como se elas esquecessem de respirar”, esclarece. Por esse motivo, os profissionais que atuam nas UTIs neonatais “precisam, constantemente, lembrá-las de respirar por meio de um estímulo tátil externo no corpo”, completa.

Coordenadora da UTI neonatal do Hospital e Maternidade São Lucas, em Juazeiro do Norte, a pediatra explica, porém, que é inviável o acompanhamento exclusivo de um profissional de saúde para realizar o toque que ajudará a lembrar o recém-nascido de respirar. Assim, a solução encontrada foi colocar uma luva ao lado do abdômen dele, que conectada aos circuitos de um respirador, infla e desinfla promovendo o contato.

Contudo, esse não é o equipamento ideal para fazer o procedimento de estímulo, já que essa não é a função primária de um respirador, além de que esse equipamento é destinado aos pacientes que apresentam quadro clínico de maior gravidade.

No mercado, também não há tecnologia destinada a atender essa necessidade das maternidades. Existem pesquisas com tecnologias de vibração, mas que, por motivos desconhecidos, não foram efetivadas nas maternidades.

Outra questão que a pediatra destaca é o sofrimento que crianças prematuras passam devido à ausência de um equipamento para prevenir a apneia. Ela expõe que algumas delas precisam ser entubadas ou ter um aparelho inserido na narina, procedimento que incomoda e pode ser traumático para os bebês.

Uma ideia promissora

Diante da problemática de saúde envolvendo a apneia em crianças prematuras e da inexistência de equipamento clínico específico para agir contra esse problema, Lilianny teve a ideia de convidar Rubenho para desenvolver um dispositivo que atendesse essa necessidade.

A médica chegou até o nome do professor por intermédio da filha dela, Marcelle Medeiros, estudante do Colégio Paraíso. Aluna da robótica, ela, também, desenvolveu um projeto relacionado a uma demanda do setor de saúde. O projeto de ciências, que foi orientado por Rubenho, propusera uma órtese mecânica para auxiliar pessoas com dificuldades na movimentação de algumas das mãos.

A primeira reunião entre a pediatra e o professor ocorreu em 2018. “Nós tivemos um encontro para estudar se a ideia era possível, percebemos que era e iniciamos o desenvolvimento do dispositivo”, conta o professor Rubenho. Responsável pela configuração física do aparelho, ele está construindo um protótipo que reúna o máximo de eficiência, mantendo um baixo custo de produção. Para tanto, tem aproveitado as instalações do Espaço Maker do Colégio Paraíso, já que esse espaço de aprendizagem criativa oferece tecnologia e suporte profissional para o desenvolvimento do projeto.

“Basicamente, o dispositivo tem as dimensões de um celular. Ele usa um motor semelhante a um compressor para gerar vento e enviá-lo para uma espécie de bolsa, que ficará comprimindo e descomprimindo repetidas vezes”, descreve Rubenho. “O dispositivo já está quase pronto, estou apenas vendo algumas questões de segurança”, arremata.

Embora há dois anos em processo de desenvolvimento, o tempo é considerado curto diante da necessidade que o dispositivo visa atender. “Tudo que envolve pesquisa com paciente é demorado, precisa-se ter anos de estudos, comparar grupos, submeter ao comitê de ética e aos demais órgãos de segurança, como o Inmetro”, elucida Lilianny.

Por estar, praticamente, finalizado, dra. Lilianny e o professor Rubenho, agora, buscam patentear o projeto para que possam ampliar os testes e iniciar, o quanto antes, a fabricação do dispositivo. “Se conseguirmos diminuir a necessidade de bebês ficarem entubados, esse equipamento terá um ganho enorme para a medicina e para essas crianças, que não mais estarão submetidas ao risco de desenvolver trauma neurológico, pulmonar ou nasal”, projeta a pediatra.

Ciente dos benefícios que o dispositivo poderá trazer, Rubenho está entusiasmado com a ideia e o potencial social que ele carrega. “É sempre prazeroso fazer trabalhos para ajudar o próximo. Por isso, aceitei o desafio de braços abertos, gosto de usar a tecnologia em favor do próximo”, conclui.

Por Cassinha Rocha/Assessoria de Comunicação Social – Breno Árleth

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