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Governo de SP rebate Queiroga e diz que morte de jovem não justifica paralisar vacinação

O caso vem sendo usado como argumento pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, como justificativa para interromper a imunização de adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades

FÁBIO ZANINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Foto: Folhapress

O governo de São Paulo considera desnecessário interromper a imunização de adolescentes contra a Covid-19 em razão da morte de uma jovem de 16 anos após ter se vacinado em São Bernardo (SP), no início do mês. O caso vem sendo usado como argumento pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, como justificativa para interromper a imunização de adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades.

"A morte dessa adolescente está sendo avaliada pela Vigilância Sanitária e pela Anvisa. Por enquanto há apenas uma coincidência de datas, não sabemos se existe uma relação com a vacina", afirma João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico do estado de São Paulo.

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Sendo assim, diz Gabbardo, não se justifica atender ao que vem pedindo o governo federal. Não há previsão para que a averiguação do caso seja concluída. "Não é necessário suspender. Uma coisa é interromper a aplicação da vacina no processo de avaliação de segurança, a fase 3, quando há um número pequeno de pessoas recebendo a dose. Outra coisa bem diferente é com uma vacina já testada e aplicada em larga escala. Só no Brasil já temos mais de 3 milhões de adolescentes vacinados", afirma.

Toda aplicação de vacinas em larga escala, diz o médico, pode ter uma proporção ínfima de casos de efeitos colaterais. "Mas esse efeito é incomparável com o beneficio que a vacinação traz", diz. Os adolescentes recebem doses da Pfizer, única autorizada a ser usada nessa faixa etária. Para Gabbardo, o governo federal está apenas usando o caso como desculpa para parar a vacinação por falta de doses. "Estão usando isso como pretexto de forma desastrosa, porque isso deixa as pessoas inseguras, intranquilas".

Ele diz ainda que não sabe qual o prazo para a normalização do fornecimento pelo governo federal de frascos da AstraZeneca para São Paulo, que são necessários para a aplicação da segunda dose. Enquanto esse fluxo não é restabelecido, a orientação segue sendo de usar a segunda dose da Pfizer mesmo para os que tomaram AstraZeneca na primeira aplicação.

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