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Impulsionada pelo Brasil, América do Sul bate recorde, mas Argentina vai mal

No século 21, a América do Sul teve, antes de Tóquio e Rio, 31 pódios em Londres-2012, 28 em Pequim-2008, 24 em Atenas-2004 e 18 em Sydney-2000

ALEX SABINO E CARLOS PETROCILO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Foto: Folhapress

Impulsionada pelo Brasil, a América do Sul teve seu mais significativo resultado deste século no quadro de medalhas das Olimpíadas. Os 36 pódios obtidos pela equipe brasileira e por Equador, Venezuela, Colômbia e Argentina superam os 33 da Rio-2016. O resultado foi possível graças à marca histórica verde-amarela e do Equador. Os dois países tiveram seus melhores desempenhos na história dos Jogos. Os equatorianos conquistaram três medalhas. Dessas, duas foram de ouro: Neisi Dajomes (levantamento de peso) e Richard Carapaz (ciclismo).

No século 21, a América do Sul teve, antes de Tóquio e Rio, 31 pódios em Londres-2012, 28 em Pequim-2008, 24 em Atenas-2004 e 18 em Sydney-2000.
"Se dadas as condições, os atletas sul-americanos têm capacidade de vir aqui e vencer. Existe uma diferença de dinheiro, não de talento", comemorou a venezuelana Yulimar Rojas, ouro no salto triplo, o único da Venezuela em Tóquio.

Ela usou o próprio exemplo de menina pobre, crescida em um bairro do estado de Anzoátegui que não existe mais por causa das constantes chuvas e dos fortes ventos. Dos cinco países sul-americanos que "medalharam" em Tóquio, Colômbia e Argentina tiveram desempenho pior do que em 2016.
Os colombianos saíram do Japão com quatro de prata e uma de bronze. No Rio, haviam obtido oito, sendo três de ouro.

A decepção maior foi a Argentina. Com campanha ruim no futebol, sem chegar ao pódio no basquete e derrotada na final do hóquei sobre a grama feminino, o país fez sua pior jornada olímpica desde Atlanta-1996. Em 2021, o resultado foi de uma medalha de prata e duas de bronze. "A grande frustração argentina é quando terminam os Jogos e, no dia seguinte, não acontece mais nada. Pelos próximos três anos e 11 meses não se volta a falar do assunto. Com dinheiro ou sem dinheiro, é preciso um projeto esportivo", disse Jon Uriarte, jogador de vôlei medalha de bronze em Seul-1988, ao site El Diário AR.

Se a Argentina tivesse derrotado a Holanda na decisão do hóquei, se Paula Pareto, esperança do país no judô tivesse repetido o título olímpico que obteve há cinco anos ou se o basquete masculino fosse até o fim, a América do Sul poderia ter obtido um recorde também nas medalhas de ouro. Estas caíram. As 10 recebidas no Japão não superam as 13 do Rio.

Treze é também o número de países que compõem a América do Sul. Apenas a Guiana Francesa não teve delegação em Tóquio. Dos outros 12, mais da metade deixou as Olimpíadas sem nenhuma medalha: Bolívia, Chile, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai. Mas, tradicionalmente, são bandeiras de poucas medalhas.

O Chile não conquista uma desde Pequim-2008, quando Fernando González foi prata no tênis. O único pódio do Paraguai neste século aconteceu com o segundo lugar do futebol masculino em Atenas-2004. O Uruguai não obtém bom resultado desde que o ciclista Milton Wynants ganhou a prata em Sydney-2000.

Peru e Suriname não têm pódios neste século. A última medalha deles chegou em Barcelona-1992. O peruano Juan Giha ficou com a prata no tiro esportivo. O surinamês Anthony Nesty foi bronze nos 100 m borboleta da natação. Bolívia e Guiana jamais subiram ao pódio. "Para chegar aos Jogos, a peneira é muito grande. Ganhar medalha é coisa para poucos. É algo muito difícil. Muita gente boa fica pelo caminho", observou o brasileiro Daniel Cargnin, bronze no judô em Tóquio.

Ele se referia a atletas, mas para países também o pódio olímpico pode ser uma ilusão. Se a América do Sul fosse um país, terminaria na sétima posição, à frente da Holanda, que conquistou as mesmas 36 medalhas, sendo 10 de ouro. Mas os sul-americanos teriam vantagem pelo número de pratas: 15 a 12.

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