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Dois meses após anúncio de auxílio pelo Estado, bares e restaurantes recebem ameaça de corte de luz

A Frisson entrou em contato com a comunicação da Enel, que constatou que, apesar do anúncio do governador, o Estado ainda não negociou com a empresa

Foto: Divulgação

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel), mais de 100 restaurantes registraram reclamações junto à associação para indicar que, apesar da promessa do governo de quitar dívidas de energia, os estabelecimentos tiveram a luz cortada pela companhia Enel. 

O Governo do Estado anunciou no último 4 de março uma série de medidas para apoiar o setor. Entre elas, estava a isenção de contas de luz atrasadas. Entretanto, segundo reclamações de restaurantes e do presidente da Abrasel, Taiene Righetto, o auxílio ainda não foi efetivado, prejudicando todo o segmento do Estado.

Proprietário do Floresta Bar, Pedro Machado indica que teve que pagar R$ 20 mil para quitar pelo menos uma das duas contas que tinha em débito de energia. A outra, de R$ 14 mil, segue em aberto no aguardo de alguma resolução do governo. O empresário fez o cadastro para o auxílio do governo no dia 23 de abril. 

Ao buscar ajuda com o contato indicado com a Enel, a empresa indicou que, para quitar a dívida, era necessário “mínimo 61 dias de faturas vencidas”, segundo mensagem recebida por Pedro pela empresa. A empresa, entretanto, corta a energia dos estabelecimentos com 30 dias de atraso. Ou seja, para receber o benefício, o estabelecimento deve passar pelo menos até 31 dias sem energia. 

“Nós nos cadastramos, porém a Enel corta a energia com 30 dias de atraso. Ou seja, se não pagar, fica no escuro. Resumindo, as únicas empresas que poderão receber esse benefício (que ainda não tem nada definido), são as que tiveram a energia cortada e estão totalmente paradas. As empresas que estão abertas tentando trabalhar com delivery não serão contempladas com esse benefício, pois são obrigadas a pagar as contas. Ou seja, o que foi prometido é mesmo que nada”, indica. 

Já Júnior Ribeiro, proprietário do Hot Frango e do Behappy, contou um problema parecido. Aguardando confirmação para o pagamento de sua conta, recebeu uma visita da Enel e teve de pagar o débito para impedir que o estabelecimento ficasse sem energia. 

“Não sei se a Enel não foi informada, mas o decreto é de conhecimento público, mas ela está cortando as energias que deveriam ser pagas pelo Estado. Com isso a gente foi obrigada a pagar [a conta], porque eles estavam na loja querendo fazer o corte. A gente não permitiu e eles responderam no aplicativo deles que a gente estaria impedindo o corte e que o próximo retorno seria com força policial”, indicou o empresário. 

A Frisson entrou em contato com a comunicação da Enel, que constatou que, apesar do anúncio do governador, o Estado ainda não negociou com a empresa. “A Enel Distribuição Ceará informa que está aguardando a conclusão do cadastro dos estabelecimentos para alimentação fora do lar, realizado pelo Governo do Estado, para analisar a consistência dos dados com a base de clientes da distribuidora e, posteriormente, definir, junto com o poder executivo, a melhor forma de quitação dos débitos entre os meses de março do ano passado até 20 de abril deste ano, conforme determinado em lei estadual”, disse, em nota.

Após questionar a Casa Civil sobre o caso, a comunicação indicou que "o Governo do Ceará prorrogou, até o dia 26 deste mês, o prazo para que as empresas do setor de alimentação fora do lar possam realizar o cadastro para o benefício. Após esta data, será regulamentado decreto estadual em que serão estabelecidas as condições de pagamento".

 

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