JÚLIA BARBON - RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A juíza Viviane Arronenzi, 45, sofreu 16 cortes e perfurações a faca ao ser morta pelo ex-marido, o engenheiro Paulo José Arronenzi, 52, na última quinta (24), véspera de Natal. Parte dos golpes foi desferida na cabeça, aponta o laudo de exame cadavérico do IML (Instituto Médico Legal) do Rio de Janeiro.
As informações foram divulgadas pelo jornal "O Globo" e confirmadas pela Folha com pessoas ligadas à investigação. O crime ocorreu na frente das três filhas do casal, com idades de 7 a 9 anos, à luz do dia, em uma das avenidas mais movimentadas da Barra da Tijuca, na zona oeste carioca.
Segundo os peritos, Viviane morreu imediatamente após um corte na jugular, impossibilitando o socorro. Também há ferimentos na sua mão esquerda, o que indica que ela pode ter tentado se defender, e nas suas costas, mas pelo exame não é possível afirmar se ocorreram antes ou depois de ela cair.
O laudo ainda mostra que o corpo trazia equimoses (manchas rochas na pele) e escoriações nas costas e no ombro esquerdo, sugerindo que talvez ela tenha sido arrastada pela calçada. Viviane foi cremada na manhã deste sábado (26) após um breve velório no Cemitério da Penitência, no Caju, zona portuária do Rio.
A grande quantidade de golpes e as três facas encontradas no carro de Paulo José reforçam a hipótese dos investigadores de que o crime foi premeditado, apesar de a arma usada no crime ainda não ter sido achada. Ele ficou parado no local até a chegada de guardas municipais, quando foi preso em flagrante por feminicídio.
O engenheiro não ofereceu resistência ao ser preso. Ele foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital, no mesmo bairro, onde decidiu ficar em silêncio. Nesta sexta-feira (25), sua prisão foi convertida em preventiva e ele foi transferido para um presídio.
Um vídeo gravado por uma testemunha está sendo analisado pela polícia e mostra as filhas do casal gritando, em desespero, "por favor, para". Viviane levava as crianças para passarem o Natal com o pai, que já havia sido enquadrado na Lei Maria da Penha após a juíza fazer um registro de lesão corporal e ameaça em setembro.
Ela chegou a ter escolta policial concedida pelo Tribunal de Justiça do RJ, mas posteriormente assinou um termo dispensando a proteção. Uma ex-namorada de Paulo José Arronenzi também já havia feito registro contra ele em 2007, porque estaria sendo importunada após o fim do relacionamento.
Segundo a associação de magistrados do estado (Amaerj), Viviane era juíza havia 15 anos. Atualmente trabalhava na 24ª Vara Cível da Capital, mas já tinha atuado na 16ª Vara de Fazenda Pública.
Diversos órgãos e personalidades emitiram nota lamentando o episódio, como o ministro Luiz Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a Amaerj, a AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), o TJ-RJ, o Ministério Público estadual e a Defensoria Pública.
Juíza é assassinada na véspera de Natal no Rio de Janeiro
A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, 45, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, foi assassinada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na tarde desta quinta-feira (24), véspera de Natal.
Em nota, a Amaerj (Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro) e a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) disseram que, de acordo com a Polícia Civil, o autor do crime é o ex-marido da juíza, Paulo José Arronenzi, 52. Ele foi preso em flagrante.
Segundo as entidades, Viviane Vieira do Amaral Arronenzi integrava a magistratura do Rio havia 15 anos. Atualmente, trabalhava na 24ª Vara Cível da Capital. Antes, na 16ª Vara de Fazenda Pública.
Felipe Gonçalves, presidente da Amaerj, se colocou à disposição da família e repudiou o ocorrido.
"A doutora Viviane Amaral não será esquecida. Conversei esta noite com o secretário de Polícia Civil do Estado do Rio, delegado Alan Turnowski. Também falei com o delegado Pedro Casaes, que esteve no local do crime. Posso afiançar: esse crime não ficará impune. O que ocorreu nesta quinta-feira na Barra da Tijuca é absolutamente inaceitável", afirmou.
A presidente da AMB, Renata Gil, transmitiu solidariedade aos familiares e amigos da juíza. "O feminicídio é o retrato de uma sociedade marcada ainda pela violência de gênero. Precisamos combater este mal", disse.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro também lamentou profundamente a morte da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi.